O trailer de Agreste, o novo longa de Sérgio Roizenblit, finalmente chegou, e a julgar pelas imagens, preparem-se para uma jornada intensa e comovente pelo árido sertão nordestino. Esqueçam os clichês de cangaceiros e coronéis, Agreste promete ir muito além da superfície, explorando a complexidade humana em um cenário tão belo quanto implacável.
O filme, adaptado da peça homônima de Newton Moreno, nos apresenta a Etevaldo (Aury Porto) e Maria (Badu Morais), um casal que desafia as tradições e foge em busca de liberdade e amor. Encontrando refúgio na casa da religiosa Valda (Luci Pereira), eles constroem um universo próprio, um oásis de afeto em meio à hostilidade do ambiente. Mas a tranquilidade é apenas a calmaria antes da tempestade. Um crime misterioso e uma revelação chocante prometem abalar as estruturas dessa comunidade conservadora, colocando à prova a fé, a moralidade e os limites do amor.
O trailer, com sua fotografia de tirar o fôlego (assinada por Humberto Bassanello, que já ganhou prêmios por este trabalho!), nos dá um gostinho da atmosfera densa e contemplativa que permeia o filme. A aridez da paisagem, os silêncios carregados de significado e os olhares intensos dos personagens criam uma tensão palpável, prenunciando a tragédia que está por vir. É como se o próprio sertão, com sua beleza implacável, fosse um personagem ativo na trama, testemunhando e amplificando os dramas humanos que se desenrolam sob o sol escaldante.
A influência de Vidas Secas, clássico de Nelson Pereira dos Santos, é evidente na estética do filme, como o próprio Roizenblit menciona. Os planos longos e a luz crua, características marcantes da obra de Graciliano Ramos, constroem uma atmosfera de realismo cru e poético, que nos transporta para o coração do sertão. A trilha sonora, composta por Dante Ozzetti, promete ser outro ponto alto, combinando sons da natureza com instrumentos regionais para criar uma imersão sonora completa. Imaginem o som do vento cortante, o raspar da rabeca e a melancolia do acordeão ecoando pela vastidão do sertão… arrepiante, não?
Mas Agreste não se limita a ser um retrato da realidade social do Nordeste. A trama, centrada em um crime e seus desdobramentos, promete explorar temas universais como preconceito, intolerância e a busca por liberdade em um ambiente opressor. A relação entre Etevaldo e Maria, longe de ser um romance idealizado, se apresenta como uma parceria visceral, forjada na necessidade de sobrevivência e na confiança mútua. É um amor que floresce no improvável, como uma flor resistente que brota em meio às pedras.
A escolha de um elenco predominantemente nordestino reforça o compromisso do filme com a autenticidade e a representatividade. E a premiada peça de Newton Moreno, que serviu de base para o roteiro, garante uma história com camadas de complexidade, pronta para provocar discussões e reflexões.
O trailer, com seus flashes rápidos e enigmáticos, deixa no ar uma série de perguntas. Qual a natureza do crime que abala a comunidade? Qual a revelação que coloca tudo em xeque? E como o amor de Etevaldo e Maria resistirá à pressão das normas sociais e religiosas?
A resposta para essas perguntas só teremos no dia 14 de novembro, quando Agreste estrear nos cinemas. Mas uma coisa é certa: a julgar pelo trailer, estamos diante de um filme visceral, poético e provocativo, que promete incendiar as telas e nos fazer refletir sobre os limites do amor e da moralidade em um Brasil profundo e complexo. Preparem-se para uma experiência cinematográfica inesquecível, daquelas que ficam reverberando na mente muito tempo depois dos créditos finais.