Imagine se os Irmãos Grimm resolvessem tomar uns drinks com George R.R. Martin em um bar pós-apocalíptico, enquanto assistem Mad Max passando ao fundo. O resultado visual e narrativo dessa reunião imaginária talvez se pareça bastante com o que o novo trailer de Nas Terras Perdidas entrega.
O longa, que chega aos cinemas brasileiros em 17 de abril com distribuição da Diamond Films, é dirigido por Paul W.S. Anderson — velho conhecido do público fã de ação e ficção científica graças à franquia Resident Evil — e traz como protagonistas ninguém menos que Milla Jovovich e Dave Bautista, dois veteranos da açãocinematográfica.
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Baseado em um conto de George R.R. Martin, Nas Terras Perdidas tem cara de fábula sombria, mas coração de road movie movido a feitiçaria e sangue.
O trailer apresenta Milla Jovovich como Gray Alys, uma bruxa poderosa, misteriosa e temida, que claramente não está para brincadeira. A personagem parece reunir traços de outras figuras fortes já interpretadas pela atriz, como Alice de Resident Evil e Leeloo de O Quinto Elemento, mas agora em um registro mais gótico, maduro e quase mitológico.
Alys não é do tipo que distribui conselhos em caldeirões fumegantes. Ela parte para as Terras Perdidas — um território desolado, hostil e cheio de criaturas assassinas — em busca de realizar um pedido nada comum: a rainha (interpretada por Amara Okereke) quer o poder de se transformar em um lobisomem. Sim, isso mesmo. E, convenhamos, se o autor de Game of Thrones está envolvido, podemos ter certeza de que essa escolha narrativa não será apenas estética — vai ter consequência política, tragédia e reviravolta no pacote.
Para não embarcar sozinha nessa missão suicida, Gray Alys recruta Boyce, um caçador experiente vivido por Dave Bautista. A relação entre os dois é o coração do trailer: um duo improvável, repleto de tensão, desconfiança e, ao que tudo indica, uma pitada de romance.
Bautista, que nos últimos anos tem mostrado grande versatilidade como ator (Blade Runner 2049, Duna, Knock at the Cabin), traz para o papel não só sua presença física imponente, mas também uma densidade emocional que dá um contraste interessante à figura estoica de Alys. Paul W.S. Anderson, aliás, define o filme como uma mistura de western e fantasia, citando Três Homens em Conflito e Os Abutres Têm Fome como inspirações — e o trailer entrega esse espírito com competência.
Tecnicamente, o trailer é um prato cheio para os cinéfilos atentos aos detalhes. A fotografia aposta em contrastes marcantes: há cenas com tons frios e azulados que lembram o clima opressivo de A Estrada, mas também takes quentes e dourados, com uma textura que remete aos filmes de fantasia dos anos 80 e 90 — como Willow ou A Lenda.
Os figurinos parecem saídos de uma rave medieval com pitadas de Mad Max, e o design de produção equilibra o sujo e o mágico com uma elegância que lembra produções como A Roda do Tempo e The Witcher, mas sem cair no excesso de CGI plastificado.
Já a montagem do trailer aposta na intensidade: cortes rápidos em cenas de ação, intercalados com planos contemplativos que revelam um mundo em ruínas e criaturas bizarras. E falando nelas: já vimos uma besta com tentáculos, um monstro de armadura, e — claro — a iminência do lobisomem. Nada mal para quem achava que magia e músculo não combinavam.
Mas o que mais chama atenção em Nas Terras Perdidas é a ambição do projeto. Embora tenha a estrutura de uma jornada de fantasia com começo, meio e fim, o trailer sugere uma narrativa carregada de subtexto. A busca da rainha por se tornar lobisomem, a relação tensa entre bruxa e caçador, os dilemas morais envolvidos no uso da magia e os perigos das escolhas radicais — tudo aponta para um filme que quer mais do que entreter com feitiços e espadas.
George R.R. Martin já mostrou que sabe construir mundos ricos em dilemas éticos e políticos. Aqui, mesmo com um escopo aparentemente menor que Game of Thrones, a densidade está lá. A bruxa Gray Alys não parece ser apenas uma feiticeira poderosa, mas uma mulher que carrega o peso das consequências, dos pactos feitos com sangue e das alianças perigosas.
Por isso, Nas Terras Perdidas tem tudo para ser uma das surpresas do ano: um conto sombrio que não se limita ao raso da fantasia, estrelado por dois atores carismáticos, dirigido por um cineasta com mão firme para cenas de ação, e ancorado na imaginação fértil de George R.R. Martin.
O trailer, bem editado e visualmente atraente, vende não apenas uma aventura cheia de reviravoltas e criaturas, mas também uma história com alma. Um épico maduro, violento e (quem diria?) até romântico, que promete emocionar tanto quanto empolgar.
Se você é fã de fantasia sombria, bruxas badass, lobisomens, caçadores com passado misterioso e mundos onde a magia cobra um preço alto… marque o dia 17 de abril no seu calendário.
Nas Terras Perdidas pode ser exatamente o que seu coração cinéfilo estava esperando.
