Visões chocantes de assassinatos brutais começam a atormentar Madison (Annabelle Wallis) que, paralisada, descobre que esses pesadelos acordada são, na verdade, uma terrível realidade.
A cada filme que passa fica cada vez mais clara a habilidade que James Wan tem para fazer horror. Há dois anos, o cineasta já havia declarado que em Maligno (Malignant), seu mais novo longa de terror, ele exploraria uma faceta do cinema de gênero que ainda não havia visitado. E cumpriu a promessa. A película, que estreia com atraso em razão da pandemia, realmente não tem nada a ver com o maior sucesso do diretor, Invocação do Mal , mas é tão hipnotizante quanto, não havendo forma de desgrudar os olhos da tela enquanto a história arrepiante se desenrola.
Em primeiro lugar, eu não sabia que Annabelle Wallis era tão boa, apesar de que este parece ser um requisito essencial para carregar um filme de Wan nas costas como ela fez. Em Invocação do Mal, Vera Farmiga e Patrick Wilson dividem a tarefa e ambos já tinham uma baita de uma filmografia que os precedia antes de interpretarem os Warren na franquia. Já Wallis, mais acostumada à TV do que às telonas, está sozinha nessa, e arrasa. O filme é ela.
Mesmo assim, Maligno não traz nada de extraordinário, nenhuma surpresa na forma de fazer terror, nenhuma paleta de cores ou cenários diferente do que estamos acostumados no horror, nenhum roteiro inovador, nenhuma atuação excepcional (tirando a boa performance de Wallis, com já mencionado). Pelo contrário, é cheio de clichês e inconstâncias. E no entanto, o diferencial está mesmo no fato de tudo isso estar em mãos competentes, no caso, as mãos de Wan, que sabem manipular muito bem seu gênero favorito e incutir no público aquela sensação de “novidade”, mesmo que não haja nenhuma.
Dessa forma, o filme é escuro, há muitos raios e trovões, há contorcionistas escalados no elenco, muito jogo de luz e sombra, uma trilha sonora instigante e pode-se até dizer que algumas coisas são previsíveis, mas ainda assim, a película surpreende.
Interessante notar também que o filme lembra muito certos aspectos de Harry Potter e a Pedra Filosofal, mas não quero dar spoilers. Quem conhece a história do bruxinho vai entender o que estou dizendo quando se deparar com Maligno.
Por tudo isso, é mais do que possível afirmar que todo fã de horror deve assistir a esse longa. Afinal, o filme tem o selo James Wan de qualidade e é mais um tiro certeiro da Warner para o cinema de gênero.