Crítica | ‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’ surpreende e faz homenagem aos clássicos filmes de artes marciais

Com uma premissa simples e uma trama honesta e que não busca ser extremamente surpreendente, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, a mais recente produção do Universo Compartilhado da Marvel nos cinemas agrada graças a sua essência rica de cultura oriental e artes marciais que lembra muito os filmes clássicos desse gênero.

Uma das características mais marcantes do longa está nas coreografias de luta impressionantes, dando o devido destaque a alguns momentos do filme, por exemplo, o combate nos andaimes na parte externa de um prédio, quando Shang-Chi (Simu Liu),  protagonista, juntamente com sua recém encontrada irmã, Leiko Wu (Fala Chen) e sua sidekick e melhor amiga, Katy (Awkwafina) enfrentam as forças dos Dez Anéis, a organização comandada por seu pai, o Mandarim (Tony Leung Chiu-Wai).

Outras duas sequências eletrizantes acontecem na primeira cena em que o protagonista mostra suas habilidades, quando é ameaçado em um ônibus por membros dos Dez Anéis liderados por Razor Fist (Florian Munteanu) e também quando o Mandarim enfrenta Xialing (Meng’er Zang) em uma belíssima coreografia de lutas de artes marciais bem ao estilo do clássico O Tigre e o Dragão.

Um fato curioso está na existência de um protagonista modesto, simples e sem grandes poderes especiais, mas que se surpreende e consegue se destacar como um herói a partir de suas habilidades nas artes marciais que, além de físicas, se baseiam também em conceitos filosóficos, ou seja, grande parte de seu êxito reflete seu estado de espírito.

Outro fator a favor do filme acontece com a presença da personagem da rapper, apresentadora e comediante Awkwafina, que se apresenta como uma excelente sidekick/interesse amoroso do protagonista. O próprio desenvolvimento amoroso dos dois se mostra mais como uma amizade duradoura, parceria inabalável e uma certa tensão amorosa, mesmo que sutil, mas que não se deixa enganar. Awkwafina possui um excelente timing cômico, trazendo ao longa uma curva na maré dos filmes do MCU, diminuindo as típicas piadinhas após cada cena de luta e inserindo um humor presente em todo o longa de forma natural e extremamente divertida, com cenas hilárias que não exageram, misturando-se organicamente ao enredo.

Shang-Chi Post
© Divulgação Disney

O humor do filme é tão acertado que flerta com os acertos ocorrentes na franquia do Homem Formiga e, apesar de se diferirem no gênero e na quantidade, flerta com o nível de Thor Ragnarok.

Outra personagem interessante é a irmã de Shang-Chi que chega a ser tão impressionante quanto ele, mas que apesar de tudo, finaliza o filme com um ligeira impressão de não ter sido tão bem aproveitada assim (seu arco não possui clímax apesar de uma boa apresentação inicial).

Outro destaque fica na ampliação do universo da Marvel, nos apresentando a uma vila secreta dentro da Terra, mas que possui características próprias, criaturas fantásticas nunca vistas antes e com um gancho para portas (ou portais, mais precisamente) para novos mundos, criaturas e vilões inexplorados, mas que podem causar grandes problemas aos nossos heróis preferidos.

O vilão do filme, vivido pelo icônico no mundo dos filmes de artes marciais clássicos, Tony Leung Chiu-Wai, que além de um impressionante potencial físico no que se diz respeito à execução (sem dublês) de cenas de luta, possui uma construção muito bem acertada (com um histórico levando-o aos tempos de Gengis Khan), nos é apresentado com uma motivação interessante e não forçada.

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis possui um roteiro simples, mas carismático e com um arco de herói e vilão original. Sem grandes planos clichês de dominar o mundo, mas com uma relação de amor e conflito entre pai e filho, com um desfecho emocionante e filosófico.

A própria preparação do elenco para realizar as cenas de luta é um show à parte bem como a direção de fotografia e a direção de arte, com figurinos e cenários lindíssimos e efeitos visuais conceituais muito bem construídos. Destaque para o dragão oriental que é apresentado como protetor do plano dos humanos e é um show de agradar os olhos.

Uma única problemática que pode ser apresentada é o uso excessivo de efeitos visuais, uma prática quase que obrigatória nesse tipo de filmes. Como a maioria dos filmes do gênero, os conflitos finais costumam apresentar lutas estranhas, feitas inteiramente por computador, apena para criar grandiosidade e clima épico, mas que muitas vezes causa um efeito estranho e irreal para uma obra que foi construída de forma sóbria e cativante. Mas, apesar do excesso de CGI nas cenas finais, isso não estraga a experiência, apenas causa algum estranhamento.

Com duas cenas pós-créditos bastante curiosas, os Vingadores em sua nova fase ganham mais uma nova adição à formação do grupo, especialmente ao se considerar que o mesmo se encontra em processo de formação, com novos heróis sendo apresentados e com a promessa de um grupo com cara nova e características novas também. Bem como novas ameaças.

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Uma resposta

  1. Leiko Wu não é o nome da mãe, mas sim do interesse romântico dele nos quadrinhos, a mãe se chama Ying Li (a grafia Jiang Li também aparece em alguns lugare), essa confusão começou quando elenco foi anunciado sem os papéis, então especularam que o papel da Fala Chen seria Leiko Wu.

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Nota do(a) autor(a)

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Shang-Chi Poster
Título original:
Ano:
2021
País:
Estados Unidos
Idioma:
Inglês
Duração:
132 min min
Gênero:
Ação, Aventura, Fantasia
Diretor(a):
Atores:
Simu Liu, Tony Leung Chiu-wai, Awkwafina, Meng’er Zhang, Michelle Yeoh

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