Crítica de filme

Crítica | Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers

Publicado 3 anos atrás

Se foi errado não colocar Michael Myers em Halloween III – A Noite das Bruxas, em Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers, ele aparece inclusive no título, o que é uma clara comprovação de que os produtores aprenderam com seu erro. Ignorando a existência do filme predecessor, este longa-metragem é uma sequência direta de Halloween II: O Pesadelo Continua.

Michael Myers, que parecia estar catatônico, foge do Hospital de Segurança Máxima Ridgemont ao descobrir que tem uma sobrinha. A garota, que tem uma nova família, tem pesadelos com o tio, que quer matá-la.

É interessante como esse filme tenta construir tensão (por mais ineficiente que essa construção seja) logo na primeira cena, quando dois médicos vão transferir Myers. Essa cena sempre me lembra o começo de O Silêncio dos Inocentes, sendo que, é claro, a cena do longa de 1991 é incrivelmente mais efetiva. Para a surpresa de absolutamente ninguém, Michael foge ao (aparentemente) perfurar a cabeça do médico com o dedão (beira o risível, mas é isso que o público quer ver) e volta a Haddonfield, Illinois. 

Acredito que a sinopse exposta no parágrafo ante anterior já seja suficiente para abrirmos a discussão sobre um desenvolvimento questionável do roteiro – a ideia de ter Myers e Loomis, sem contar com Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) como protagonista, foi extremamente arriscada, mas surpreendentemente (até pra mim) não me incomodou tanto assim: nunca a achei a mais carismática das personagens pra ser sincero – não que esses aqui sejam, bem longe disso na verdade, mas foi trocar seis por meia dúzia.

A proposta de finalmente o xerife de Haddonfield acreditar quase que imediatamente no ex-psiquiatra interpretado pelo Donald Pleasence me agradou bastante, assim como o fato de os próprios moradores se revoltarem como assassino, formando uma força tarefa para ajudar a cidade (apesar de terem pouco tempo de tela). Esses são exemplos de escolhas que realmente me atraíram.

O diretor Dwight H. Little parece mera peça da engrenagem, aparentemente obedecendo os produtores como a gigantesca maioria da indústria. Do ponto de vista formal, é um arroz com feijão com pouquíssimo tempero, e se ele tentasse fazer um ovo para dar aquela caprichada, provavelmente deixá-lo-ia queimar. Sim, o diretor desse filme queimaria um ovo.

Existem sim grandes facilitações narrativas, é claro, porém pretendo me apegar ao programa proposto pelo produtor Moustapha Akkad (compra a participação da dupla John Carpenter/Debra Hill) que é denunciado pelo nome: O Retorno de Michael Myers; ou seja, veremos aqui o serial killer perseguindo outra pessoa e acumulando vítimas à partir disso (matando personagens das formas mais explícitas possíveis). 

Essa foi a proposta da obra, um filme B, sim, mas que verdadeiramente funciona para mim. Tenho plena consciência que não é um longa sublime com um polimento exemplar de roteiro, mas o fato é que esse não é o conceito que os produtores queriam trazer. 

Dentre as entradas que menos gosto na franquia (ou que nesse caso realmente abnego) estão os dois próximos filmes da saga: Halloween 5: A Vingança de Michael Myers e Halloween 6: A Última Vingança; ambos estão em um nível de qualidade tão inferior ao que aqui critico, que realmente valorizo a capacidade dos realizadores de terem criado uma história de slasher simples (e para o meu caso) efetiva.

Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers passa longe de ser perfeito, porém, é uma excelente opção de entretenimento se você busca um clássico slasher dos anos 80, com uma narrativa descomplicada, um assassino sanguinário e um romance adolescente meia boca. É um filme divertido (apesar do final questionável no qual não entrarei aqui por se tratar de uma crítica sem spoilers) que você pode assistir – no momento em que essa crítica é publicada – tanto na Netflix quanto na Amazon Prime Video.

PS: Sim, a máscara de Myers nesse filme é horrível.

Compartilhar
Halloween 4: O Retorno de Michael Myers Poster
País: EUA
Idioma: Inglês

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *