Crítica | Halloween 5: A Vingança de Michael Myers

Um dos piores filmes de terror dos anos 80, Halloween 5 é um longa sem plot.

Similar ao começo de Halloween II – O Pesadelo Continua, Halloween 5: A Vingança de Michael Myers começa reprisando os minutos finais da obra anterior, porém, dessa vez temos novas informações: Myers conseguiu escapar do poço em que caiu antes que a dinamite o explodisse.

O serial killer que nunca demonstrara o mínimo de humanidade parece quase afogar, sendo levado pelas correntezas de um riacho; ao se levantar aparentemente sentindo muita dor – quiçá inédito ao assassino – cambaleia até a casa de um idoso eremita que mora próximo ao regato. Michael literalmente entra em coma (sim meu querido leitor: em coma) após tentar sufocar o senhor que, por algum motivo simplesmente inexplicável, decide tomar conta do matador (depois do dito cujo ter entrado em sua casa sem permissão e tentado estrangulá-lo). Um ano depois, dia 30 de outubro, Michael Myers acorda, mata o velho (óbvio) e volta a Haddonfield para encontrar sua sobrinha Jamie Lloyd novamente.

A cena descrita acima se provaria um perfeito exemplo do quão preguiçoso é o nível de escrita desse filme, um longa sem plot.

Se sustento Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers como uma boa opção de entretenimento, é porque a obra segue algum nível de coesão interna, por mais incoerente que possa parecer. Se os realizadores advogam Myers como uma figura sobre-humana, faz sentido que o próprio, após ser cuidado por profissionais por vários anos, acorde de um coma e escape, ou suporte tantos ataques. Porém, nesse longa a primeira escolha feita foi romper com essa construção feita por três filmes: Michael parece quase vulnerável no começo da narrativa, desfazendo – ou ao menos ferindo – a imagem de intocabilidade sobrenatural. Contudo, ele acorda do coma sendo tratado à gelol e minancora, já tão forte como sempre.

Se houve um esboço de dissolução do caráter transcendente do homicida (isso é  comprovado iconograficamente ao vermos o rosto do carnífice sem máscara pela primeira vez desde o primeiro filme), não faz sentido que na cena seguinte ele volte a ser instantaneamente essa figura extra-humana. Além de não ser uma escrita de particular qualidade (bem longe disso na verdade), os roteiristas se afastam do que é primordial para contar qualquer história: a coesão.

A jovem Jamie perde a fala e desenvolve uma ligação telepática com o tio demoníaco, Michael Myers. O engenhoso Dr. Sam Loomis percebe isso, e planeja usá-la para finalmente pôr fim à fúria do assassino.

Sou obrigado a dedicar um parágrafo da crítica à personagem Tina Williams, eu verdadeiramente acredito que é uma das personagens mais insuportáveis dos anos 80. Não sei até que ponto é justo culpar só os escritores  já que a interpretação vexatória da tal Wendy Kaplan é simplesmente traumatizante. O cachorro atua melhor que ela. Sem exagero. Ah, mas todos os jovens são absolutamente desprovidos de uma vasta quantidade de neurônios, então tudo bem: escrito por mim, um jovem.

Eu genuinamente tenho dificuldade de ter qualquer relação de empatia com personagens tão mal escritos e performados, gerando a clássica relação espectador-filme criada pelo slasher: você torce para os jovens morrerem logo. O problema é que essa fórmula funciona quando o serial killer é capaz de abater os néscios de formas criativas que de fato entretém o público, mas esse não é o caso aqui – os realizadores não foram efetivos fazendo uma emulação de gênero.

Apesar de ainda gostar muito de Donald Pleasence como Dr. Loomis, sendo ele o único a entregar uma interpretação minimamente convincente, é bizarro o que fizeram com esse personagem que é tão importante na franquia. Aqui ele literalmente persegue uma criança de nove anos, aparecendo sempre nas ocasiões mais oportunas sem a menor explicação. Como por exemplo quando ele brota numa sala de operação do hospital para interromper o médico de fazer um procedimento cirúrgico que poderia salvar a vida de Jamie – como ele chegou ali? Quem permitiu a entrada dele na sala? Porque o médico obedece? São algumas das perguntas sem resposta.

O que dizer desse final?… “die, die, die, Michael die” … deixa que minha nota fale por mim.

No momento que essa crítica é publicada Halloween 5: A Vingança de Michael Myers está disponível no Amazon Prime Video para que você possa tirar suas próprias conclusões. 

Ah, e o filme é dirigido por um tal de Dominique Othenin-Girard, não que isso seja importante, só percebi na edição que não havia nem mencionado o trabalho dele – mas é porque é absolutamente esquecível. 

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Nota do(a) autor(a)

/5
Halloween 5: A Vingança de Michael Myers Poster
Título original:
Ano:
1989
País:
EUA
Idioma:
Inglês
Duração:
96min min
Gênero:
Horror, Thriller
Diretor(a):
Atores:
Donald Pleasence, Ellie Cornell, Danielle Harris

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