Crítica de série

Crítica | Mais dramática e madura, The Witcher retorna cheia de perspectivas em sua 2ª temporada

Publicado 3 anos atrás

Escrevo ainda sob forte emoção depois de ter assistido à segunda parte de The Witcher, que estreia na Netflix quase que exatamente dois anos depois de sua temporada de estreia, atrasada pela pandemia. Mas que beleza de trabalho, que beleza de arte, que beleza de história nós temos até então!

Possuindo como base principalmente o terceiro livro da saga de Andrzej Sapkowski, O Sangue dos Elfos, é preciso dizer que a série faz um trabalho incrível de adaptação, ao mesmo tempo parecido e diferente de sua inspiração literária, o que torna ainda mais instigante – por mais que estejamos preparados e cientes da saga dos livros, nunca sabemos o que esperar da TV.

The Witcher é sem dúvida alguma, pelo menos até agora, uma das melhores obras da Netflix e, no que tange ao gênero fantasia, sem dúvida, a maior delas.

Dessa vez, acompanhamos Geralt (Henry Cavill) em uma descoberta por emoções que ele até então desconhecia, provando que a mutação que o transformou em bruxo não tirou totalmente sua natureza humana, pelo contrário, alterou muito pouco dela.

Numa trama muito bem estabelecida de relações, com Ciri (Freya Allan) ele entende o que é o amor paternal e o peso da responsabilidade, e com Yennefer (Anya Chalotra), ele experimenta do desejo, da mágoa, da esperança e do medo. E não fica para trás a conexão do bruxo com seu mentor, Vesemir (Kim Bodnia), o único pai que Geralt conheceu (para saber ainda mais sobre o assunto, recomento a animação The Witcher: A Lenda do Lobo, também da Netflix), e que até então não tinha sido apresentado.

Ainda nessa segunda temporada, vemos pela primeira vez juntos os três protagonistas que nos foram introduzidos na parte anterior, um trio de peso que junto ao trabalho técnico consegue fazer da série o sucesso que é.

A fotografia de The Witcher, que exibe uma paleta de cores mais escura, bem como o figurino da série, são obras de arte em si. As imagens do Continente são tão perfeitas que espantam por sua fidelidade às descrições dos livros. Geralt em sua armadura negra de tachões leva as mulheres aos suspiros enquanto os trajes de Yennefer e Ciri retratam com precisão a fase por que elas estão passando – aquela uma fugitiva depois da batalha de Sodden e esta uma aprendiz de bruxo.

Além disso, a trilha sonora é outro ponto que chama a atenção. Se na primeira temporada fomos surpreendidos por Toss a Coin To Your Witcher, nessa somos brindados por Burn, Butcher, Burn, numa incrível e inesquecível performance de Jaskier (Joey Batey), bem mais interessante do que tinha sido até então.

Foram dois anos de hiato entre as duas primeiras partes da história, mas cada minuto valeu a pena. O que testemunhamos agora, foi uma história mais dramática e madura que explora melhor as angústias e as emoções de seus personagens, porque enquanto Geralt lida com a perda da mulher que ama e a nova função paterna durante uma luta e outra, a própria Yennefer também precisa enfrentar uma grande perda e Ciri fica cada vez mais ciente de seus poderes e de sua história, que é muito maior do que ela mesma poderia sequer imaginar.

Tudo também se torna mais complexo quando a parte política da trama passa a ser mais explorada. Além das tensões no Capítulo dos feiticeiros, que agora possui uma liderança instável, os elfos começam a se erguer contra os humanos em toda a sua raiva e ressentimento, tornando-se vitais para a decisão da luta entre Nilfgaard e o resto do Continente.

Soltando-se um pouco de seus protagonistas e principalmente por meio das pesquisas de Istredd (Royce Pierreson), também pudemos conhecer mais sobre o universo da história, que agora sofreu uma boa ampliação. Foram introduzidas novas tramas como as lendas que envolvem a origem dos poderes de Ciri, além da Conjunção das Esferas, que deu origem ao mundo que se conhece agora.

Dessa forma, misturando política e magia num enredo sólido de consequências imprevisíveis, The Witcher não parece correr o risco do cancelamento, possibilidade que assombra todos os fãs das obras da Netflix. O futuro da série parece estar ali na frente, certo e cheio de perspectivas. E que assim seja, oh vale da abundância!

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The Witcher 2° temporada Poster

2019 -

60 min min

País: Polônia, EUA, Hungria

Elenco: .Henry Cavill, Freya Allan, Anya Chalotra, Joey Batey

Idioma: Inglês

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