O longa No Ritmo Do Coração, de Sian Heder, traz a história de Ruby (Emilia Jones), uma jovem de 17 anos que precisa escolher entre viver seus sonhos ou a forte responsabilidade de cuidar de sua família surda, sendo ela a única que ouve.
Primeiramente, um fato bem interessante sobre o filme é que seu nome original, CODA, é uma sigla que significa Child Of Deaf Adults (“filhos de pais surdos”, em tradução literal), quanto a seção de término de uma partitura de música. Só este fato já resume todo o sensível e cativante enredo, cujas cenas com bem pensadas quebras de ritmo não o deixam se tornar um drama forte.
Sendo assim, a história já se garante em sua primeira cena, na qual a incrível e potente voz da protagonista nos é apresentada – seu talento é nítido. Com uma estória bem definida, algumas passagens são realmente fortes, o que se revela principalmente quando o silêncio, colocado em momentos cruciais em meio a canções, se impõe.
Como já mencionado, sensível, a trama passa por momentos de quebra de ritmo que podem lembrar os filmes clichês de romance adolescente e seus conflitos mais juvenis. Porém, no contexto geral, esses pequenos detalhes já revelam a dimensão e a ideia do que a trama quer mostrar. Ruby é uma garota de 17 anos que viveu a vida protegendo sua família e, como uma adolescente qualquer, os conflitos juvenis fazem parte de seu cotidiano. Contudo, a subtrama realmente se perde em meio a tantas lições e mensagens que o filme passa.
Um outro ponto que deve ser mencionado é a relação familiar de Ruby. Seus pais saem do estereotipo de “pais protetores” e caem numa dinâmica mais leve, mas da mesma forma, ainda vivem os conflitos do cotidiano.
Além disso, a trama conta com a linguagem de sinais americana de forma tão expressiva que torna a interpretação de Emília ainda mais marcante (além da potência de sua voz), já que os atores elencados são nomes reconhecidos da indústria de surdos na vida real.
E falando em família, os momentos mais divertidos e emocionantes ficam por conta do ator Troy Kotsur, que interpreta o pai de Ruby – não é à toa que ele está concorrendo ao Oscar como ator coadjuvante! Portanto, o filme conta com esses momentos mais cômicos que deixam um rastro de leveza na estória, deixando um clima agridoce bem marcante.
Sendo assim, entre risos e momentos emocionantes (que confesso, me levaram a pequenas lágrimas), No Ritmo do Coração traz várias lições sobre família, amor, respeito e determinação. O filme conta com um enredo que consegue juntar questões como preconceito, adolescência e dinâmica familiar de forma sensível, mas ainda assim, atinge de forma certeira quem assiste.
Ademais, o filme rejeita totalmente os estereótipos e as tramas extremamente dramáticas, conduzindo na medida certa as nuances entre o drama e a comédia.
Para quem for assistir, preparem os lenços para as cenas comoventes e fiquem certos de que seu coração ficará bem aquecido!
