Maria do Caritó

Por culpa de Lília Cabral, o filme leve de João Paulo Jabur consegue arrancar boas gargalhadas

Maria do Caritó parece um tipo de conto de fadas… Daqueles bem brasileiros, sabe como é? É a história de uma moça – que já não é mais tão moça assim! – que, prometida em casamento a São Djalminha, foi obrigada pelo pai carola a se manter virgem e imaculada para todo o sempre, amém.

Reverenciada e amada pelo povo beato da cidade onde mora, ela já não aguenta mais ser donzela e, desesperada para viver uma paixão, decide fazer alguma coisa para encontrar seu príncipe encantado. Procurando, então, uma cigana que sabe ler o futuro, Maria descobre que alguém que a ama muito virá de longe numa caravana de artistas… E é aí que o circo aparece.

Respeitável, público, com vocês, Lília Cabral no papel de Maria, que se tornou do Caritó por ser mulher solteira, conforme a gíria utilizada no Nordeste! Ela fala com sotaque, faz reza de santa milagreira, palhaçada e até canta! Para resumir, é o corpo e a alma do filme, um nome de peso sem o qual a produção de João Paulo Jabur seria bem menos do que se tornou: uma comédia muita divertida.

Maria do Caritó não chega ser um O Auto da Compadecida, mas se assemelha em alguns aspectos quando mostra a fé característica do interior brasileiro; o coronelismo como a principal política; e o português falado de forma tão própria que parece até um dialeto, cheio de “inteligentisses” e “engraçadisses” que arrancam boas gargalhadas… Principalmente quando Lília assume o picadeiro e vai fazer seu pout pourri com alguns do hits de sucesso nacionais – a Paradinha de Anitta e o Meteoro da Paixão de Luan Santana podem se sentir representados.

A naturalidade e o talento da atriz, que já conhecemos muito bem da televisão e do teatro, são tamanhos, que apagam qualquer cena ou personagem mais forçados. E não é que ela quase que faz milagre mesmo? Transformou o filme numa sessão da tarde das boas, uma pedida certeira para um feriado ou sábado moroso, quando você estiver com vontade de rir!