Crítica de série

Bom dia, Verônica | 1ª temporada

Publicado 4 anos atrás

Se eu soubesse assoviar como Du Moscovis, com certeza começaria essa crítica reproduzindo o som dos passarinhos, porque são justamente esses bichinhos que ele imita na nova série nacional da Netflix, Bom Dia Verônica. Infelizmente não domino essa habilidade e, por isso, vou deixar passar essa, mas convido o leitor a saber um pouco mais sobre essa importante produção que, muito além de seu elenco monstruoso, é um alerta social.

O título do seriado é ruim – apesar de fazer sentido no contexto do enredo -, mas já de início faço a recomendação para quem ainda não assistiu ou ainda está na dúvida sobre assistir. Bom Dia Verônica (baseado no livro de mesmo nome de Ilana Casoy e Raphael Montes), é uma ótima pedida para quem gosta de série policial e especialmente para as mulheres.

Nesse sentido, a série conta a história de Verônica (Tainá Müller), uma escrivã da polícia metida a investigadora que acaba cruzando o caminho de Janete (Camila Morgado) e Cláudio (Eduardo Moscovis) – ela, uma mulher humilde que saiu do interior achando que iria para São Paulo viver um conto de fadas com seu príncipe encantado; ele, um tenente-coronel da PM abusivo e também um serial killer implacável.

Assim, como já mencionado de passagem no início do texto, no quesito atuação, não há como decidir qual dos três atores está melhor, mas talvez Camila Morgado ganhe, por pouco, de seus talentosos colegas. E isso se dá, possivelmente, pela dificuldade de seu papel. Mergulhar na pele de Janete não deve ter sido fácil para a atriz, que teve que representar todo o terror de viver sob o mesmo teto de um homem que junta, sozinho, todos os piores predicados que se pode colocar numa pessoa. Se liga na sujeirada: não satisfeito em abusar e espancar a mulher, Cláudio também a obrigava a participar de seus crimes, tornando-a parte essencial de seu modus operandi (o método usado pelos assassinos em série em seus crimes).

Ademais, apesar de notável, o talento de Morgado não é nem de longe surpreendente. Nós já o conhecemos de longa data, desde 2003, quando ela apareceu em A Casa das Sete Mulheres interpretando a inocente e sonhadora Manuela. Dezessete anos depois, mais velha e de cara lavada, ela ainda tem muito show para dar.

Já Du Moscovis está apavorante, o perfeito protótipo do psicopata. Com o cabelo raspado ao estilo dos policiais, é incrível pensar que ele já foi o adorável caipira Petrucchio de O Cravo e a Rosa (2000).

Mas apesar de tudo, quem comanda o espetáculo é mesmo Tainá Müller. Apesar do complexo de Mulher Maravilha, Verônica ainda é carismática o bastante para que a gente consiga torcer por ela. Com visual super básico (calça jeans e jaqueta de couro, que lembra muito a Emma de Jennifer Morrison em Once Upon a Time), a personagem constrasta diretamente com a voluptuosa delegada Anita (Elisa Volpatto) em suas roupas justas e maquiagem mais carregada. E o impressionante é que a protagonista, a despeito do excelente trabalho durante todos os oito episódios, guarda seu ápice para as cenas finais da temporada.

Por outro lado, Bom Dia Verônica também esbanja qualidade técnica. As imagens de fotografia predominantemente azul e verde e que às vezes assume até tons psicodélicos, são lindas, e os ângulos da câmera são muito bem explorados – até o ângulo holandês (inclinado em relação ao eixo vertical do elemento filmado) é utilizado. O efeito ficou muito bom.

Falta agora abordar o enredo em si, o que é muito complicado de se fazer sem estragar a experiência de quem ainda não assistiu à série. Basicamente, como já dito, como heroína temos uma intrépida escrivã da polícia atormentada pelo passado marcado pela violência e que luta, como de costume, contra um poderoso vilão. O capitão Nascimento, de Tropa de Elite (2007), o chamaria de Sistema. Ela vai fazer de tudo – arriscando a vida e o bom relacionamento com o marido e os dois filhos -, para salvar Janete e várias outras mulheres não só do lobo mau (os homens abusivos), mas também desse terrível inimigo com o qual todos temos que lidar diariamente e que é potencializado por um ajudante infalível: as redes sociais.

Sendo assim, tendo sido apresentados à Mulher Maravilha brasileira, vamos ficar aguardando um feedback da Netflix quanto à uma possível sequência, mas pessoalmente, espero que Bom Dia, Verônica fique mesmo com seus oito episódios, já que a temporada fechou redondinha. Porém, caso a série seja renovada, estarei de prontidão para assistir. Afinal, como mera mortal, eu simplesmente não consigo resistir a esses super-heróis!

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Bom Dia Verônica

Bom Dia Verônica

País: Brasil

Idioma: Português

Respostas de 8

  1. Camila Morgado e Moscovis levam a série nas costas. História excelente porém as atuações são pífias (exceto os dois citados)

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