Milla Jovovich já está acostumada com video-games, ou pelo menos a interpretá-los nas telonas, haja visto que Monster Hunter (2020), do diretor Paul W.S. Anderson, é seu sétimo filme baseado nesse tipo de jogo. Vinda da franquia Resident Evil (2002-2016), a atriz não faz feio nessa nova aventura que lembra Duna, a saga de livros de Frank Herbert que em breve também estará nos cinemas.
O enredo se passa em um mundo paralelo coberto de areia onde vivem terríveis monstros gigantes. É para este lugar que a capitã Artemis (Milla Jovovich) e sua equipe são transportados quando vão investigar o desaparecimento de outros colegas em uma região inóspita. A partir daí, sua missão se torna outra: sobreviver.
Nunca joguei o game da Capcom, portanto quero deixar claro que minha análise se limitará à versão cinematográfica. E o que posso dizer quanto à parte técnica do filme é que não há o que reclamar, com belos planos gerais do deserto e a sensação da sede e do sol quente quase tangível na pele. Porém o que chama mesmo a atenção é a mixagem de som, cuja definição não pode ser nada menos que perfeita. Monster Hunter, aliás, pode ser considerado um grande exemplo da habilidade de Hollywood com o áudio – é uma beleza, gostoso de escutar.
Por outro lado, quanto ao roteiro, não há nada de excepcional, mantendo-se no nível de expectativa do público, nem para mais, nem para menos. É, na realidade, uma sequência de boas cenas de ação em que Jovovich bate, mas também apanha muito junto de seu amigo alienígena Caçador (Tony Jaa). A dupla funciona, sendo responsável também por alguns momentos de alívio cômico bem interessantes, mas quase não há uma história a ser contada, somente o ritmo frenético e bonito da ação mantendo nossos olhos grudados na tela, além da heroína carismática que protagoniza a narrativa.
Dessa forma, não é difícil chegar à conclusão de que que Artemis é uma super-mulher – incansável, inquebrável e praticamente imortal, o tipo de coisa que o público costuma perdoar, ainda mais em se tratando de uma adaptação de um game. Sendo assim, não é a toa que a personagem recebe o nome da deusa grega ligada à vida selvagem e à caça, e é por isso que Milla Jovovich se torna tão perfeita para o papel.
Ademais, como eu não podia deixar de comentar, o longa faz uma pequena massagem em nossos egos brasileiros ao trazer Nanda Costa no elenco, porém não há muito o que dizer, uma vez que a participação da atriz é mínima, com duas ou três frases que ela solta na língua estranha do planeta alienígena. No entanto ela vai bem no pouquinho em que aparece.
Enfim, Monster Hunter é para os apaixonados pela ação e, claro, para os gamers, caso queiram ver seu jogo na telona. Vale a diversão!