Recentemente me deparei com um artigo da Entertainment Weekly (EW) do mês passado que comparava duas animações da Disney e dava seis razões por que Enrolados (2010) é melhor que Frozen (2013). Adorei o tema e, tendo me identificado e concordado quase que plenamente com o texto da Maureen Lee Lenker, resolvi escrever minha própria análise baseada nos motivos que ela deu.
Assim, primeiramente a articulista calculou corretamente que iria ouvir muitas críticas quanto a afirmação dela. Assumo o mesmo risco, uma vez que Frozen é muito mais popular que Enrolados, mas isso não quer dizer que é melhor… muito pelo contrário! Por isso, mesmo que você ainda prefira a história das irmãs Elsa e Anna, saiba que, no mínimo, Enrolados merece mais do seu amor!
Mas qual é o motivo dessa discrepância, visto que o lapso temporal dos dois filmes nem é tão grande assim? São vários os aspectos, mas acredito, assim como Lenker, que o maior deles seja o fato de que Enrolados é bem mais complexo que Frozen, mais irônico e sutil, o que o torna adorável para os críticos e os adultos, mas nem tanto para as crianças.
Infelizmente, aqui no Brasil, Enrolados conta ainda com uma grande desvantagem: a péssima dublagem de Flynn Rider por Luciano Huck. Algumas vezes, infelizmente, na ânsia de dar ao filme um peso maior, colocam-se pessoas famosas para dar voz a esse ou aquele personagem da animação em detrimento de profissionais da dublagem, comprometendo a qualidade da película em nosso país. Esse é um erro crasso, já que nossos dubladores profissionais estão entre os melhores do mundo. Nosso Guilherme Briggs, por exemplo, conhecido por dar voz ao Freakazoid e ao Buzz Lightyear em Toy Story, é um talento excepcional, e vale sempre mencionar a incrível Kika Tristão, que recebeu o prêmio de melhor cantora dubladora da América Latina, prêmio até então inédito para o Brasil, por seu trabalho na dublagem de Megara, em Hércules.
Já no original em inglês, quem dubla o bonitão Rider é Zachary Levi, e Lenker ressalta que ele consegue dar total charme à performance do personagem com sua voz.
Mas deixando essa questão de lado, passemos a analisar os outros pontos que a articulista da EW nos deu para provar que Enrolados é melhor do que Frozen.
Um vilão de verdade
A grande vilã de Enrolados é Mamãe Gothel (Donna Murphy / Gottsha), a mulher que sequestra Rapunzel por um motivo egoísta e completamente narcisista: manter a juventude e a beleza através dos poderes de restauração contidos no cabelo da garota. Por isso, ela a mantém presa em sua torre, isolada do mundo. No entanto, Gothel parece desenvolver um certo grau de amor maternal por sua cativa, bem ao estilo Malévola (2014), desenvolvendo-se aí uma relação mãe e filha que merece um exame bem detalhado sobre a criação e educação de pessoas. A complexidade do filme começa por aí.
Contra isso, o que Frozen tem? Os pais de Elsa e Anna morrem bem no começo do filme quando as irmãs eram muito jovens e, por isso, não dá para o público criar qualquer tipo de ligação com eles. Portanto, a questão pais e filhos tem um impacto muito menor do que no outro filme. Claro que o príncipe Hans (que nos engana no início!) é um vilão, mas não chega nem aos pés da Mamãe Gothel (“Sua mãe sabe mais”!). Como bem lembra Lenker, nesse quesito Elsa também pode ser considerada uma vilã, uma inimiga de si mesma, mas aí a coisa se torna uma questão interna e individual da personagem, passando longe da vilania em si.
E cá entre nós, a Disney sabe fazer vilões quando quer, e Enrolados ainda mistura essa habilidade com um exame astuto da psicologia deles!
Um herói bonitão
Flynn Ryder não é o típico herói corajoso e seguro de si! Ele é fanfarrão, espertalhão e tem um caráter até um pouco duvidoso quando nos é apresentado, mas seu charme é inegável (nem a voz de Huck consegue tirar isso dele) e, como gostam de dizer por aí, tem o coração no lugar certo.
Aliás, seu jeitão de garoto, piadas e, porque não dizer, certa carência por amor, torna-o irresistível, e o coloca – pasmem! -, no mesmo nível da Rapunzel (obrigada por esse apontamento, Lenker!), tornando, os dois, protagonistas do filme. Esse é o combustível da história de amor deles!
Por outro lado, Frozen foca no amor fraternal entre Elsa e Anna e não há qualquer problema nisso (pelo contrário, é até digno de nota!), mas o fato também não é motivo para deixar que Kristoff (Jonathan Groff / Raphael Rossatto), o interesse romântico de Anna, seja tão sem sal (amenizei aqui a expressão usada pela EW, que foi “idiota” mesmo).
Sendo assim, mesmo que Enrolados nos venda o happy end pela qual a Disney é tão conhecida, a coisa toda é feita de uma maneira talvez até melhor do que o comum.
Rapunzel foi ingênua e séria primeiro, e melhor
Quando Rapunzel finalmente sai fugida de sua torre com Flynn Rider, oscila entre a culpa extrema de estar desobedecendo sua mãe e a euforia de finalmente estar conhecendo o mundo ao seu redor. Essa dualidade é simplesmente digna de palmas e o humor e divertimento da cena é totalmente genuíno, nunca forçado (como lembra Lenker), ainda mais se levarmos em consideração a inocência e a seriedade características da personagem desde o começo.
Em comparação, podemos citar a personagem Anna, de Frozen, mas como bem aponta Lenker, ao contrário de Rapunzel, ela parece muito forçada, ponto com o qual eu concordo plenamente! Aliás, diga-se de passagem, esse deve ser o motivo por que sempre achei Anna meio chatinha, apesar de suas virtudes… Elsa é bem mais legal.
As lanternas
Enrolados recebeu tratamento de CGI misturando animação por computador com animação tradicional para evocar a sensação de uma pintura, e Lenker considera que a cena das lanternas (que realmente lembra uma pintura) é uma das imagens mais românticas que ela já viu, comparando-a, inclusive, com a cena do baile de A Bela e a Fera. Aqui estão as palavras da articulista ipsis litteris:
A rica interação dos tons roxos e mais escuros do céu noturno com o calor brilhante das lanternas é extraordinária.
Sim! A cena é realmente linda, mas particularmente, ainda prefiro A Bela e a Fera!
Os companheiros animais
Meu Deus! Finalmente encontrei alguém que também não gosta do Olaf, o insuportável bonequinho de neve amigo de Elsa e Anna. Sinceramente, não dá para aguentar o personagem mais do que cinco minutos, e ainda bem que ele melhora um pouco em Frozen II.
Já em Enrolados a coisa é diferente, e nos são apresentados dois companheiros animais de primeira qualidade! Temos Pascal, o fofíssimo camaleão da Rapunzel, e Maximus, o garboso corcel do Flynn Ryder. Diferente do tagarela Olaf, os dois são silenciosos, mas principalmente Maximus, usando simplesmente suas expressões, já que é mudo, consegue arrancar as mais autênticas gargalhadas! E só para citar novamente A Bela e a Fera, minha animação favorita até hoje!), ele lembra o Phillipe, o cavalo da Bela, que também é hilário!
As canções
Não há como negar o poder de Let It Go de Frozen. A canção é forte e gruda na cabeça e a gente não consegue para de cantar.
Mas Enrolados tem Allan Menken, e só esse fato já basta para mostrar a superioridade da trilha sonora. Mesmo assim, em minha opinião pessoal, as músicas de nenhum dos dois filmes faz minha cabeça!
A meu ver, Lenker exagera um pouco ao comparar I See the Light que Rapunzel e Flynn Ryder performam na já mencionada cena das lanternas, com o A Whole New World de Alladin. Aí não dá!
Enfim, depois de ler o artigo da EW, achei mais do que necessário frisar minha concordância quase total com o texto da Maureen Lee Lenker e com os apontamentos precisos que ela fez sobre essas duas animações da Disney! Assim, mesmo que Frozen more no seu coração, espero que tenha conseguido abrir um espacinho lá dentro para Enrolados.
Respostas de 2
Na realidade enrolados é melhor mesmo,para os adultos, já para crianças meninas aí já é outra história.
Nossa, tbm acho enrolados adorável!