Crítica | Parentes inapropriados, crianças precoces e clichês antigos em ‘Amor com Data Marcada’

A Netflix já começou a invadir o catálogo com seus filmes natalinos e apesar de promissor, 'Amor com Data Marcada' acaba caindo nas mesma previsibilidades das comédias românticas.
Chegou aquela época do ano novamente, você consegue ouvir os sinos do trenó? O sabor da uva-passa e Mariah Carrey invadindo a trilha sonora das lojas de departamento? Não? Bom, deve ser porque muitas pessoas estão em quarentena. Ainda assim, a Netflix já começou a invadir o catálogo com os seus filmes natalinos, e como uma futura tiazona do natal eu não perdi tempo em começar a minha maratona. Vamos falar de Amor com Data Marcada – e pelo título da matéria você já percebeu que esse texto não vai glorificar tanto a produção do streaming vermelhinho.
Sloane (Emma Roberts) e Jackson (Luke Bracey) odeiam ficar solteiros nos feriados – a moça enfrenta o julgamento constante da família intrometida, enquanto o rapaz lida com uma garota grudenta. Quando esses dois estranhos se encontram, eles entram no acordo de ser o “ferigato” um do outro em todas as ocasiões festivas do ano que se inicia.
Sendo assim, o longa é tão previsível quanto o resumo apresentado acima, contudo, começa forte na comédia e mostra a realidade do quanto uma família pega no pé de alguém solteiro nas festas de fim de ano. Quem nunca escutou um “e as namoradinhas?” entre o amigo oculto e ceia que atire a primeira pedra. Não importa que o filme seja uma comédia romântica, assim que ele insere elementos com os quais a pessoa se identifica, ganha pontos com a audiência.
 
Parabenizo Amor com Data Marcada por destacar esses momentos. Já no começo somos apresentados a uma situação hilária em que um Jackson é encurralado num jantar de natal da ficante, cercado de momentos exagerados e completamente críveis – não tenho dúvida de que pessoas como a garota e sua família são reais.
Apesar de ter uma premissa boa, a trama tentou fazer como muitas romcoms modernas e tirar sarro dos velhos clichês de filmes do gênero, mas lamentavelmente acaba caindo nas mesma previsibilidades. Esse foi meu primeiro pensamento assim que o filme terminou, porém, depois que o digeri pude notar que quando criticamos as escolhas de um personagem e juramos não fazer o mesmo, no fim das contas corremos o risco de tomar as mesmas decisões que criticamos. Por isso, assista de cabeça aberta, sabendo que essa é uma história leve que desperta sentimentos bons.
Por outro lado, o triste é que a personagem principal ficou mal trabalhada em seus conflitos, pois desde o começo a dor de Sloane não se resumia em ficar sozinha nos feriados e aguentar a pressão da família – ficou bem claro que ela era confiante e não se deixava abater pela opinião alheia.
Porém, o que poderia ter enriquecido o filme era mostrar com mais clareza que a protagonista não superou traumas amorosos anteriores, o que afetou sua relação com Jackson – ser relembrada constantemente pela família do quão sozinha você está não traz nenhum conforto.
Além disso, alguns cenários passaram do ponto, indo da comédia realista para situações absurdas, clichês e coincidências surreais de comédias românticas. Num minuto você está se divertindo com uma situação de ano novo que vai virar uma bela história pra contar na mesa de bar, então você é arrastado para um momento em que a família comemora os feriados mais improváveis com situações nojentas.
E já que estamos falando da família, todos apresentam uma personalidade rasa, desde a mãe obcecada em casar a filha até a Tia Susan, (Kristin Chenoweth) que era uma personagem cheia de potencial. No fim, estragam a personagem com momentos que a transformam no estereótipo de coroa assanhada que quer transar com tudo que se move, o que é chato, pois ela parece bem feliz com suas escolhas e tá se lixando pro mundo taxando ela de vadia. Todos precisam de uma pessoa com esse nível de diversão.
Você vai testemunhar todas as repetições do gênero: casal se conhece e não se dá bem de cara, cria uma relação de parceria e amizade, começam a se gostar sem deixar claro, brigam, se afastam, gesto grandioso e ficam juntos. Você não vai encontrar nada de surpreendente nesse filme, mas garanto que algumas risadas ele vai arrancar de você. Apesar de tudo, confesso que vai entrar pra minha lista anual de filmes natalinos. Bobo, fácil de assistir e contagiante.
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Nota do(a) autor(a)

/5
amor com data marcada poster
Título original:
Ano:
País:
EUA
Idioma:
Inglês
Duração:
103 min min
Gênero:
Comédia, Romance
Diretor(a):
Atores:
Emma Roberts, Luke Bracey, Kristin Chenoweth, Frances Fisher

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