Qual é o limite da insanidade humana? Essa é uma questão retórica demais até para a psiquiatria. Mas o Cinema não tem inibições. Na condição de arte, é livre para explorar os temas que bem entender, ora ostensivamente, ora dissimuladamente. E em Desconhecidos (Strange Darling), JT Mollner escolheu explorar a tal insanidade humana na primeira forma.
Adianto que a proposta de apresentação da película, dividida em capítulos dispostos desordenadamente, já garante ao filme uma posição bem alta na lista de melhores do ano, ainda que 2025 esteja apenas no começo (o que afirmo chancelada pela nota de 96% no Rotten Tomatoes que a obra já alcançou).

Cansativo e sem inspiração, O Macaco falha em traduzir o potencial narrativo de suas ideias em um filme divertido.
Filmada totalmente em 35mm, a trama pouco pretensiosa se utiliza de recursos parcos. Mas manipulados de forma primorosa por JT Mollner, eles transformam um caso de uma noite num thriller memorável que merece toda a atenção do público, e não somente da crítica. Uma noite sombria seguida por uma manhã desesperada em que é possível se observar, espreitando, a sombra de certos trejeitos do palhaço de Gotham (em sua versão Heath Ledger). Genial.
Desconhecidos brinca não somente com o terror do true crime e do serial killer, mas explora também um suspense inusitado, instigado pela atuação primorosa de Willa Fitzgerald enquanto ela, cada vez mais fraca, é perseguida por um homem incansável.
E essa linha tênue entre o desejo e o perigo encontrou terreno fértil nas mãos de Mollner, cujo olhar inteligente transformou a atriz e seu par de elenco, Kyle Gallner, em pura tensão. Essa forma fragmentada de contar a história desconcerta, atrai e, o mais importante de tudo, surpreende, pelo menos até certo ponto.
Qual é o limite da insanidade humana? A pergunta continua retórica e continuará sendo. Mollner não responde e nem quer. Só nos resta, portanto, observar. E se for como Desconhecidos fez, tanto melhor.