Crítica de filme

Era Uma Vez em… Hollywood

Publicado 6 anos atrás
Nota do(a) autor(a): 4.2

Você pode até não gostar de Quentin Tarantino, mas não há dúvidas de que o homem é um dos diretores mais talentosos da atualidade (e quiçá da história do cinema). Sua mais nova obra, Era Uma Vez em… Hollywood, só serve para demonstrar isso, mesmo que tenha sido o “menos melhor” de seus filmes.

É incrível como o diretor consegue nos localizar na história, fazendo-nos passear pela Los Angeles de 1969 (o final da Era de Ouro de Hollywood), com todos os seus hippies e belezas. Até parece que estamos no carro de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) – com Cliff Booth (Brad Pitt) no volante -, andando em alta velocidade por suas vias largas e planas.

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E Tarantino não é sutil. Sendo este seu 9º longa solo, ele já definiu sua marca e a imprimiu mais uma vez nesse seu conto de fadas melancólico. Era Uma Vez em… Hollywood é claramente uma homenagem ao estilo western (mais especificamente ao declínio desse gênero) e a uma antiga estrela de cinema que teve sua luz apagada muito precocemente: a atriz Sharon Tate, vivida pela incrível Margot Robbie que, além de linda, é talentosa e carismática.

Em meio a cenas divertidas em que Robbie mostra sua personalidade encantadora, paira a sombra da história real de sua personagem, já que sabemos que Sharon Tate foi brutalmente assassinada por integrantes da seita de Charles Manson (Damon Herriman). Ao inserir cenas reais da atriz em seu filme, Tarantino simplesmente corta o nosso coração com a bela homenagem, daí o tom melancólico, apesar de bonito.

Mesmo aparecendo pouco, Margot Robbie é, com certeza a alma do longa, mas isso não apaga de forma alguma o trabalho impecável de Leonardo DiCaprio, que merecia outro Oscar por sua atuação como Rick Dalton, um talentoso ator de western em franca decadência. É um prazer vê-lo atuar.

Já Brad Pitt assume um papel mais cômico que desempenha com bastante habilidade e, diga-se de passagem, o galã está bem melhor neste filme do que em Bastardos Inglórios (2009) – e mais bonito também. É ele que arranca as gargalhadas do público, principalmente na cena em que luta Kong Fu com Bruce Lee (Mike Moh) – nos fazendo recordar Kill Bill (2004) -, e na cena final, quando enfrenta a gangue de Manson e que, de longe, é o ponto alto do filme. Aliás, os 161 minnutos de duração do longa valem quase todas em razão do final que é, sem eufemismos, simplesmente genial.

E mesmo sendo o “menos melhor” das obras de Tarantino, Era Uma Vez em… Hollywood é imperdível para quem é fã do cineasta ou mesmo do cinema em geral, uma vez que é cheio de fan services e easter eggs.

Assim, o público vai delirar ao reconhecer que Cliff Booth tem o mesmo carro que Uma Thurman usa em ‘Kill Bill’; ou quando vê os cigarros Red Apple (que aparecem na maioria dos filmes do diretor); ou quando Rick Dalton incendeia alguns nazistas – como Shosanna (Mélanie Laurent) faz em Bastardos Inglórios – ou quando Maya Hawke aparece em cena (a atriz é filha de Uma Thurman que é, reconhecidamente, a musa de Tarantino. Recentemente, Hawke fez muito sucesso ao interpretar a garçonete Robin, na terceira temporada de Stranger Things (2019)).

Por isso, mesmo sendo o “menos melhor” dos filmes de Tarantino, estamos falando de cinema de alto nível, uma dose concentrada de cultura extremamente bem-vinda e de qualidade e com um elenco que somente um dos maiores cineastas da história consegue reunir e fazer funcionar.

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era uma vez em hollywood poster

Era Uma Vez em... Hollywood

País: EUA
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie
Idioma: Inglês

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