Antes de qualquer coisa gostaria de deixar bem claro que a versão que critiquei aqui é a versão dos produtores de Halloween 6: A Última Vingança, tida como a melhor (ou a menos pior?) dentre as duas. A versão de produtores tem 96 minutos, já a que foi lançada no cinema, apenas 88. Pensando bem deveria ter visto a versão dos cinemas, já que são oito minutos à menos de sofrimento.
Temos como primeira cena uma das coisas que eu mais odeio no cinema: a ultra manipulação do material gravado. Planos com velocidade diminuída, manipulação das vozes dos atores, movimentações de câmera exageradas e uma montagem terrível com umas transições de plano a plano que fariam jus à meu primeiro curta metragem de terror, que fiz com 13 anos.
Volto a reafirmar que não existem regras na arte, não duvido que dentro de um contexto e com um diretor (bem) melhor, todas essas técnicas seriam bem vindas, mas o fato é que, pelo menos pra mim, o filme abre com um segmento filme C.
Enquanto o rádio expõe da forma mais barata e ingrata possível o que a audiência precisa ouvir, a protagonista se despe gratuitamente – porque Moustapha Akkad conhece seu público alvo.
Temos aqui uma das piores montagens da história do gênero, especialmente nas cenas em que alguém está em fuga do conflito direto com Michael Myers. A câmera e a edição te desorientam, te desnorteiam. Prece que o diretor Joe Chappelle quer dar um senso de urgência, um senso de velocidade – o que faz sentido em uma cena de ação, por exemplo – mas essa técnica é tão mal executada que muitas vezes não sabemos direito o que está acontecendo. A geografia dramática não é clara. Se isso fosse feito como uma proposta, tudo bem, mas parece muito mais falta de habilidade com a potência expressiva da montagem do que algum tipo de grande inclinação formal. Além do fato do ritmo da música e da montagem serem tão diferentes que chega a incomodar, não é só uma escolha malfeita e mal executada, mas também de péssimo gosto.
Esse longa, ao menos na versão dos produtores, têm nos créditos iniciais Starring and Introducing Paul Rudd, e de fato, dá pra dizer que o homem formiga é um dos protagonistas dessa película. Talvez seja objeto de motivação à atores mais jovens, uma vez que mesmo com um filme nojento como esse no currículo Rudd deu certo – realmente ele tem uma interpretação decente aqui. Essa também é a última atuação de Donald Pleasence como Dr. Sam Loomis, já que o próprio falece antes mesmo de ver esse longa-metragem no cinema. Uma pena que seja a pior performance dele no personagem.
Sinto bem mais ódio do personagem do Bradford English, o tal do John Strode, do que do próprio Myers. Que raiva me dá homens de meia idade revoltadinhos com suas escolhas passadas e descontentes consigo próprios e por isso acabam tratando mal (inclusive agredindo) pessoas ao seu redor para pelo menos em casa sentirem alguma fonte mísera de poder – a única parte boa desse filme foi a morte dele.
Seis anos depois que Michael Myers aterrorizou Haddonfield, Illinois, pela última vez, ele volta para lá em busca de sua sobrinha, Jamie Lloyd, que escapou com seu filho recém-nascido, para o qual Michael e um culto misterioso têm planos sinistros.
Honestamente me agrada muito ter o Google para pesquisar a sinopse oficial desse filme, porque, sendo franco, a história é tão mal conduzida, mal construída e mal ilustrada, que seria muito difícil definir em palavras a narrativa de Halloween 6: A Última Vingança.
Se você é masoquista, ou muito fã da franquia Halloween (o que chega a beirar a mesma coisa) dê uma chance esse filme, porém, se você é um ser humano comum, te indicaria ficar bem longe dessa obra, que oferece uma perda de tempo pouco entusiasmante.