Crítica de filme

Mesmo se perdendo no roteiro ‘Passageiros’ se encontra em uma belíssima história | Crítica

Publicado 5 anos atrás

As excursões espaciais e a colonização de novos planetas é um futuro tão previsível como quase certo. Esse é o ponto de partida de Passageiros, uma ideia não exatamente original apesar de bem mais romanceada que Gravidade (2013) ou Interestelar (2014). Nestes últimos, estamos mais próximos do presente em matéria de tecnologia e a motivação é exploratória. Já em Passageiros, a coisa já está bem mais avançada.

Passageiros Jennifer Lawrence e Chris Pratt

Utilizando muito o branco e o cinza – as cores de praxe de uma ficção científica espacial-, o diretor Morten Tyldum nos apresenta a uma nave espacial dos sonhos, praticamente uma cidade onde cinco mil passageiros passariam 120 anos hibernando dentro de câmaras individuais, a caminho do planeta-paraíso Homestead II. É a era das excursões e da colonização espacial, atividades que geram para as empresas que a praticam um número que ultrapassa o quadrilhão de dólares.

Passageiros Nave

A nave opera no piloto automático enquanto a tripulação e os passageiros dormem seu longo sono a caminho de uma nova vida bem longe do berço da humanidade: a Terra. Entretanto, apenas 30 anos após deixar nosso planeta, um meteoro aleatório a atinge e, durante a breve falha no sistema causada pela colisão, dois passageiros, o engenheiro mecânico Jim Preston (Chris Pratt) e a jornalista Aurora Lane (Jennifer Lawrence) são acordados. O problema é que ainda faltavam 90 anos de viagem até Homestead II.

A partir daí, começamos, então, a conhecer os dois personagens (os únicos de todo o elenco) tanto quanto é possível. É que, apesar dos 116 minutos de duração, Tyldum não se preocupa com a origem de Jim ou Aurora nem se demora muito em revelar os motivos que os fizeram embarcar para um novo planeta, deixando para trás tudo e todos que conheciam (as coisas na Terra teriam mudado consideravelmente e seus amigos e familiares teriam morrido muito antes de eles sequer terem se aproximado de seu destino).

Jennifer Lawrence

Esse, talvez, seja o ponto que incomode muita gente, não pelo fato de haver poucos personagens – vários clássicos são assim, basta lembrar de O Náufrago (2000), em que Tom Hanks é praticamente o único integrante do elenco, ou do próprio Gravidade, em que Sandra Bullock tem que fazer malabarismo para manter o espectador atento. É que as questões éticas e morais do fato que levou Jim e Aurora a acordarem tão cedo, são relevadas em prol do romance que nasce entre os dois.

Chris Pratt e Jennifer Lawrence

Talvez Tyldum tenha realmente abusado um pouco. Se formos pensar que uma nave que possui um escudo superpoderoso de proteção que se arma sozinho diante de um perigo iminente (e que, no entanto, não impediu a falha que acordou nossos personagens), como o diretor queria que aceitássemos que uma mensagem de socorro enviada por Jim para a Terra demoraria 55 anos para receber resposta?

Em razão disso, talvez, Passageiros passe a ser considerado somente mais uma história boba de romance entre um homem e uma mulher lindos e inteligentes, mas o carisma que Chris Pratt e Jennifer Lawrence emprestam a Jim e Aurora acaba conquistando os corações. Assim, as escorregadas do roteiro (como acontece na maioria dos filmes) acabam sendo perdoadas, enquanto os dois aprendem a lidar com a vida presos na nave-paraíso que se transformou em seu lar.

Quantas películas já não se perderam por não conseguirem chegar no ponto em que queriam, seja por falta de tempo ou por qualquer outro motivo? Se isso aconteceu com a história de Tyldum, pelo menos ele entregou um longa belíssimo de ser ver, dinâmico apesar dos pouquíssimos personagens que, por sua vez, fazem bonito na atuação.

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passageiros poster
País: EUA | Austrália
Idioma: Inglês

Respostas de 4

  1. Olá a todos! Esse filme me pareceu (talvez uma ilusão ou teoria da conspiração, da minha parte) da história inicial da Bíblia Sagrada, Gênesis! O plano do autor seria nos arremeter a destruição do planeta Terra e a criação de uma nova humanidade. Nesta nova edição dos “novos” habitantes, cada ser teria suas habilidades e traria novos rumos com a experiência do passado. Será? Deus que nos livre e guarde.

  2. A questão da mensagem demorar é muito infantil, poderiam dizer que a mensagem tem que ser liberada pelo comandante..foi mal. Mas é um filme que encanta.

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