Milton Bituca Nascimento é um documentário brasileiro dirigido por Flávia Moraes, uma justa homenagem ao artista mineiro de 82 anos. O filme acompanha o cantor durante sua última turnê, que passou por diversos eventos ao redor do mundo e teve seu encerramento em Belo Horizonte, em 2022. A estreia nos cinemas ocorre dia 20 de março.
Apesar de acompanhar os principais eventos da última turnê de Milton Nascimento, o filme busca também apresentar um panorama da carreira do cantor. Esse panorama se divide em momentos ao longo do documentário, principalmente por meio de entrevistas. Para ilustrar as influências de Milton, diversas cenas das paisagens mineiras se entrelaçam com os acontecimentos do filme. Já para destacar a influência de Milton Nascimento no exterior, diversas personalidades de diferentes áreas aparecem. O filme tem a participação de artistas como a jazzista Esperanza Spalding (que fez parcerias recentes com Milton) e o cineasta Spike Lee.

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A emoção fica reservada para o final, quando o documentário revela mais sobre a relação de Milton com seu filho adotivo, Augusto. Esse vínculo é especialmente tocante, pois remete também à infância de Milton, adotado quando criança. Os diálogos entre pai e filho, em várias locações, mostram uma relação de amizade bonita e repleta de ternura.
No entanto, alguns pontos negativos merecem destaque. O primeiro é a narração. Embora o filme tenha tentado torná-la agradável, contando com a genial Fernanda Montenegro para narrar, algo no tom geral do filme não soa completamente convincente. Há poucos momentos em que podemos ouvir o próprio Milton falando sobre sua vida, ou mesmo as imagens se expressando sem a interferência verbal. A narração de tudo cria a impressão de que estamos assistindo mais a uma reportagem do Fantástico do que a um documentário. Esse tom de especial de televisão prejudica um pouco a imersão.
Outro aspecto é a certa indecisão entre contar a trajetória de Milton Nascimento, o significado de sua música e os eventos da última turnê. Ao tentar abarcar todos esses temas em um único filme, o resultado é uma sensação de que não se aprofundou o suficiente em nenhum dos aspectos. Normalmente, isso poderia funcionar. Todavia, dado o tamanho e a importância de Milton Nascimento, cada uma dessas perspectivas mereceria um pouco mais de profundidade.
Quando o público deseja saber mais sobre os bastidores dos shows memoráveis, o filme nos apresenta cenas de Milton lendo um livro em seu quarto de hotel ou se preparando para o show de encerramento. Quando tentamos entender por que sua música é tão significativa para tantas pessoas, a narração nos distrai. E, quando buscamos conhecer mais da história desse grande artista, o filme nos traz novamente à última turnê ou nos apresenta segmentos nos quais Milton sequer aparece.
Para os fãs, a falta de mais detalhes pode ser um pouco decepcionante, contudo, ainda é muito tocante ver e ouvir um dos maiores nomes da música brasileira. Em função disso, o documentário acaba sendo altamente recomendável. Para quem não é fã, o filme oferece uma visão de grande importância sobre a relevância de Milton para a música nacional. Com o material que teve à disposição, Flávia Moraes conseguiu coordenar bem os últimos momentos de Nascimento nos palcos, com a performance final sendo chamada de “A Última Sessão de Música” (uma referência ao genial filme de Peter Bogdanovich, A Última Sessão de Cinema).
Portanto, vale a pena acompanhar a jornada visualmente encantadora de Milton Bituca Nascimento, que presta uma homenagem mais do que merecida a Milton Nascimento — muito mais do que a que ele recebeu fora do Brasil recentemente. Esperamos que, em breve, possamos ver mais sobre esse ícone nas grandes telas.
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