Crítica de filme

Premonição 6: Laços de Sangue

Publicado 1 dia atrás
Nota do(a) autor(a): 3.5

É possível escapar do seu destino? É a partir dessa questão central que surge o conceito que deu origem a franquia de filmes de terror, Premonição. A fórmula da franquia é simples. O protagonista, um visionário, tem uma premonição sobre uma grande tragédia que irá resultar em diversas mortes e ao evitá-la e salvar vidas que deveriam encontrar seu fim naquele fatídico acidente, precisa driblar a morte, que vai atrás de cada um dos sobreviventes para garantir que a ordem natural do evento permaneça a mesma. 

Extremamente popular nos anos 2000, as obras de Premonição construíram uma legião leal de fãs, que abraçaram todos os elementos presentes nos filmes, desde as sequências de morte extremamente bem elaboradas até o humor ácido de seu subtexto, com uma paixão inigualável. Então não é surpresa nenhuma observar que as expectativas em torno do lançamento do primeiro capítulo inédito da franquia em mais de uma década, estavam nas alturas. 

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E é nas alturas que começamos Premonição 6: Laços de Sangue. Iris, uma jovem de personalidade simpática e radiante, é surpreendida pelo seu namorado com um par de ingressos para a inauguração da SkyView, uma espécie de salão/restaurante localizado no topo de uma torre de dezenas de metros de altura. Logo a tragédia toma conta do ambiente quando uma série de circunstâncias ocasiona no derrubamento da torre – mas isso em uma visão de Iris. Temendo o pior após conseguir visualizar o acidente antes dele acontecer, Iris consegue alertar as pessoas que estavam no local e, no processo, salva suas vidas. Mas isso ganha repercussões inimagináveis quando a morte passa a ir atrás não só de cada uma delas, mas também de suas famílias, já que as suas respectivas árvores genealógicas nunca deveriam ter existido em primeiro lugar.

A sequência inicial envolvendo o acidente e a premonição de Iris é um dos pontos altos do filme. A ambientação dos anos 60 é criativa e a caracterização dos personagens traz muito charme para a sequência. Tudo, desde os figurinos até a trilha sonora, trabalha em harmonia para causar uma imersão de atmosfera que amplifica o suspense e investimento em torno daqueles primeiros minutos iniciais do longa. O corte pro futuro, focado na família de Iris parece quase que precoce, mas acaba funcionando narrativamente. 

Isso porque as novas regras em torno do mecanismo da morte preenchem Premonição 6 com muita personalidade. Além do contexto das vítimas da vez, serem uma família, uma mudança de dinâmica muito bem vinda e que rende viradas de narrativa de excelente construção, o filme ainda possui um humor afiado, se divertindo com a fórmula dos filmes e os estereótipos em torno do lore da franquia de uma forma que nenhum outro capítulo da franquia ousou. O fanservice também não é gratuito ou barato, muito pelo contrário. A participação do ator Tony Todd, que faleceu após as gravações do projeto, por exemplo, é extremamente delicada e incorporada com muita criatividade. Nunca antes, Premonição foi tão auto consciente sobre as suas qualidades e os seus absurdos. 

Mas nem tudo são flores. O maior problema do filme incomoda e está atrelado a um aspecto técnico em particular, onde a produção peca em excesso. Os efeitos visuais são medíocres, em sua grande parte, e prejudicam o impacto de diversas sequências, que poderiam ser mais eficientes se tivessem sido aliadas a efeitos práticos que transmitissem visuais mais grotescos em textura. O espetáculo de CGI, presente nos últimos minutos do terceiro ato, por exemplo, enfraquece o produto final de forma significante. 

E por falar no final, o filme não consegue acertar totalmente o tom do seu 3º ato. Depois de uma sequência excelente em um hospital, com direito a uma morte envolvendo uma máquina de ressonância que já figura entre as melhores da franquia, as coisas aceleram de um modo agressivo e partem em rumo de uma resolução que não convence totalmente na sua construção. Além de morna em conflito, a reta final do filme é bastante previsível, o que é uma pena, principalmente quando levamos em consideração o frescor apresentado pela narrativa durante os seus dois primeiros atos.

No geral, apesar de Premonição 6 ficar devendo em termos de consistência, o saldo ainda é positivo graças a diversos momentos de criatividade que justificam a existência desse 6º capítulo da franquia, como um todo. É sempre bom ver um novo projeto de uma mídia já existente não se sustentando apenas no conceito da nostalgia para se vender e se os envolvidos em torno da produção desses projetos continuarem inspirados, que venham mais instalações.

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premonição 6 laços de sangue poster

Premonição 6: Laços de Sangue

Final Destination: Bloodlines
País: EUA
Direção: Zach Lipovsky, Adam B. Stein
Roteiro: Guy Busick, Lori Evans Taylor, Jon Watts
Elenco: Tony Todd, Brec Bassinger, Richard Harmon
Idioma: Inglês

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