Depois de dois sucessos anteriores, Luca Guadagnino retorna às telonas com Queer. Mas apesar de a construção ser diferente de Rivais e Me Chame Pelo Seu Nome, o tema central do novo longa é praticamente o mesmo:, paixão e desejo.
Baseado no livro homônimo de William S. Burroughs, Daniel Craig dá vida a William Lee, um expatriado norte-americano na Cidade do México, que passa seus dias quase completamente sozinho, exceto por alguns contatos com outros membros da pequena comunidade americana. Mas o encontro com Eugene Allerton (Drew Starkey), um ex-soldado também expatriado, muda sua vida.
Instável em tom, mas delicado em sentimento, Queer é mais uma prova de que Luca Guadagnino tem muito a dizer.
Queer é dividido em duas partes. Na primeira, o filme se sustenta na excelente atuação de Daniel Craig. Lee é um homem de meia idade viciado em drogas que, perdido, anda em busca de relacionamentos amorosos pelos bares da Cidade do México. Então tudo muda quando ele conhece Allerton, e eis que nasce uma verdadeira obsessão.
Já na segunda parte, os dois protagonistas viajam do México até a Amazônia em busca de yagé, uma espécie de droga encontrada na região. E é aqui que Guadagnino se perde e faz com que algumas situações envolvendo os personagens acabam caindo no marasmo. O maior problema acaba sendo justamente a base de sustentação da primeira parte: o personagem de Craig, até então impecável, fica cansativo e repetitivo.
Por outro lado, o visual do filme é algo lindíssimo e a química entre os personagens super funciona, bem como as atuações dos atores, como já dito. O grande pecado da película consiste na trama e em algumas escolhas que Guadagnino elege como prioridades. Enquanto isso, outras possibilidades que seriam até mais interessantes são deixadas de lado para serem exploradas de fundo.
Sendo assim, no balanço geral, Queer acaba se consolidando como uma experiência vazia, carregada de ótimas intenções, mas sem uma execução coerente que se sustente.