Vampiros sempre me chamaram a atenção. Todas as lendas e as características que giram em torno dessas criaturas são fascinantes, mesmo que mórbidas, e há séculos, permeiam o imaginário sombrio das pessoas. Sombras do Terror (The Shed – 2019), segundo longa de horror do diretor Frank Sabatella, que estreiou nesse começo de 2021 nas principais plataformas de streaming, traz de volta esses terríveis monstros sanguinários num contexto bastante atual, embora mantendo (quase toda) a lenda secular.
Na história, um homem chamado Joe Bane sai de casa e entra na floresta próxima para caçar as raposas ou qualquer coisa que estivesse matando seus coelhos, mas não esperava que essa “qualquer coisa” poderia ser um vampiro. Ele acaba sendo mordido e transformado ele próprio num monstro. Fugindo da luz do sol que lhe é fatal, Bane invade e se esconde no balcão da casa vizinha onde vivem Stan (Jay Jay Warren) e seu avô abusivo Ellis (Timothy Bottoms), e daí o nome original, The Shed, que em tradução livre, significa O Galpão, um nome, aliás, bem mais relevante para história.
Sombras do Terror é está longe de ser uma obra-prima do gênero, mas consegue entreter bastante se deixarmos passar alguns (irritantes) detalhes e clichês. Para começar, Sabatella até que soube tornar um filme que seria apenas mais um drama adolescente em uma história de horror, com uma dose bem razoável de violência que o torna quase um gore. Somadas às tentativas de jump scare o longa consegue prender até o final o espectador que gosta do estilo aterrorizante, ainda mais se levarmos em conta o evidente baixo orçamento com que foi feito.
Com atuações medianas, mas eficientes, o longa chama atenção, no entanto, quando leva ao extremo os efeitos do bullying em uma pessoa – infelizmente muito comum no ensino médio e especialmente nos EUA -, acendendo o extinto assassino do melhor amigo de Stan, Dommer (Cody Kostro), que propõe que eles usem o vampiro no galpão como uma arma contra os colegas abusivos. Se tivesse sido melhor explorado, tal detalhe teria tornado a película bem mais interessante, mas o filme perde bastante tempo com outras cenas totalmente desnecessárias, como por exemplo, aquela em que Stan sonha que Roxy (Sofia Happonen), a garota popular por quem Stan é apaixonado, faz uma performance sensual para ele – uma das piores cenas do filme. Fica claro, aliás, que o romance entre os dois é secundário, mas Sabatella deu ênfase o bastante nele para que tivesse que ter sido melhor tratado, talvez nos contando um pouquinho mais sobre Roxy.
Outro fato bastante irritante são as inúmeras vezes em que vemos o protagonista acordar assustado de algum pesadelo, respirando pesadamente. Tal artifício é usado com tanta frequência, que cansa, inclusive ajudando a história ficar mais previsível. Outros pequenos detalhes também não ajudam a melhorar o enredo, mas se discorrer sobre eles aqui, acabarei incorrendo no risco de dar spoilers, o que não pretendo fazer.
Portanto, basta saber que Sombras do Terror é sim um passatempo e não peca completamente, mas é mais um clichê do cinema de gênero facilmente esquecível e ligeiramente irritante. Se forem se arriscar, preparem-se para alguma violência e adolescentes de estômago forte. E vampiros, claro.
Respostas de 2
Poxa, o diretor deveria evitar clichês e absurdos como :por que um vampiro que é capaz de arrancar facilmente o braço de uma pessoa não foge de um barracão de madeira; por que o jovem não avisa a polícia e ainda dorme na casa com um monstro à espreita; por que o protagonista não coloca fogo no barraco! Além de outros absurdos! Mas a velha ideia de impactar com um tema sério, como o bullying, usando uma fórmula tão batida parece ser um vício de criadores deste tipo de gênero! A ideia do filme é boa, todavia nas mãos de pessoas certas!
Concordo com você, Gus!