Crítica | A aranha da ‘Teia de Corrupção’

A aranha tem significados diversos para culturas diferentes. Eles transitam entre sorte, beleza, sabedoria e divindade, entre outros. Em Teia de Corrupção (The Corrupted – Ron Scalpello, 2019), é possível fazer referência a algum deles, porém, quando Sam Claflin é preso nessa armadilha tão eficiente, ele não acha que exista qualquer coisa de auspiciosa, bonita, sábia ou divina nela. Mas se olharmos pelo lado da psicanálise, um dos significados atribuídos a esse aracnídeo pode se tornar exatamente o mesmo: o narcisismo.

Sendo assim, não há nada de novo que possa ser apontado em relação ao filme de Scalpello, já que tudo o que se refere ao crime de colarinho branco tem a ver com narcisismo. Por isso, Teia de Corrupção é apenas mais um filme de ação desses a que estamos tão acostumados, mas como qualquer uma dessas películas, quando são bem feitas, entretém.

Teia de Corrupção Liam
Teia de Corrupção / 2019 © Cortesia A2 Filmes

Dessa forma, temos Liam, o herói típico vivido por Claflin, que dessa vez deixa a aparência de príncipe encantado que ostentou em Como Eu Era Antes de Você (Thea Sharrock, 2016 ) para assumir o cabelo raspado e o corpo magro de um ex-condenado que está deixando a prisão. Ele precisa lutar para proteger sua família de Cliff, vilão também típico vivido por Timothy Spall (em muito boa atuação), depois que acaba envolvido nas confusões de seu irmão Sean (Joe Claflin).

O filme retrata com bastante exatidão o que é viver nesse mundo pérfido que envolve a soma da política com as empreiteiras e pessoas corruptas (daí o título da película) que, infelizmente, se aproveitam dos grandes eventos dos nossos tempos que nos trazem tantas alegrias, como as Olimpíadas, para sugar nossas energias vitais como parasitas. As armadilhas estão por toda parte, estendendo suas teias malignas para quem quiser enxergar. É preciso ser esperto para não se enrolar nos fios pegajosos antes que seja tarde demais, como Liam fez.

Teia de Corrupção Cullen
Teia de Corrupção / 2019 © Cortesia A2 Filmes

Assim, Teia de Corrupção é muito bem construído nesse sentido. Seu roteiro é eficiente em explicar a dinâmica desses criminosos, o motivo de eles nunca irem presos e controlarem a mídia e como é fácil corromper o mais fracos de espírito. O figurino bem apresentado se assenta muito, alternando-se nos cenários antagônicos de luxo e pobreza de seus personagens.

Por tudo isso, se é de um filme de ação que você gosta, Teia de Corrupção é uma boa pedida que conta com um excelente elenco para ajudar a limpar nossa vista e nos fazer enxergar seus fios que se tornam cada dia mais e mais visíveis. Além de Claflin e Spall, Hugh Bonneville, de Downton Abbey (Julian Fellowes, 2010-2015), também está presente com sua habitual elegância na forma de atuação.

O longa já pode ser adquirido para aluguel e compra no NOW, Looke, Vivo Play, Google Play, Microsoft e iTunes nas versões dublada ou legendada.

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Nota do(a) autor(a)

/5
Teia de Corrupção Poster
Título original:
Ano:
2019
País:
Reino Unido
Idioma:
Inglês
Duração:
103 min min
Gênero:
Crime, Drama, Thriller
Diretor(a):
Atores:
Sam Claflin, Timothy Spall, Hugh Bonneville

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