Crítica | Na terceira temporada de ‘Alto Mar’, um vírus mortal está a bordo

ALERTA DE SPOILER!

Sem muito alarde, a terceira temporada da série espanhola Alto Mar estreou recentemente na Netflix, trazendo mais uma parte das aventuras das irmãs Eva (Ivana Baquero) e Carolina Villanueva (Alejandra Onieva) em um luxuoso navio no pós-guerra civil da Espanha.

A obra dos criadores Ramón Campos e Gema R. Neira fez um relativo sucesso quando estreou no começo do ano passado, trazendo uma história de investigação bastante divertida de se ver e sem muito compromisso com a realidade ou com a lógica. Todavia, a sequência (que veio rápido, ainda em 2019), extrapolou no non sense e nos absurdos narrativos, estragando o bom trabalho que havia sido feito no início.

Leia nossa crítica da segunda temporada de Alto Mar.

Assim, qual não foi a minha surpresa quando descobri que haveria uma terceira temporada, ainda mais quando a história das irmãs Villanueva já tinha tido um desfecho na parte anterior. Mas a continuação veio e, coincidência ou não, trazendo uma trama bastante pertinente (mesmo que a história se passe em meados do século passado): de volta ao navio Bárbara de Braganza, Eva e Carolina terão que lidar com um vírus mortal que foi trazido a bordo por um criminoso internacional.

Sendo assim, acho certo começar dizendo que houve uma melhora significativa em relação à última temporada, embora o despropósito e as respostas fáceis continuem caracterizando a série. A maior surpresa, porém, se deveu à adição de um personagem novo, vivido pelo brasileiríssimo Marco Pigossi. O ator vem consolidando sua carreira internacional, já tendo atuado também na série australiana Tidelands. Em Alto Mar, foi escalado para protagonizar a história ao lado de Baquero.

Para quem não se lembra, Nicolás (Jon Kortajarena) terminou com Eva depois que descobriu que sua mulher não estava morta e, então, o agente britânico Fábio entra em cena como novo interesse romântico da nossa heroína.

Todo o mistério, dessa vez, gira em torno da uma informação de que um criminoso internacional iria embarcar com um vírus letal no Barbara de Bragança e, conhecendo o navio, Eva é recrutada para ajudar, o que nos leva a mais assassinatos e situações tensas e bizarras.

Baquero está excelente, como sempre, e nós já sabemos do talento de Pigossi. Os dois formam uma dupla muito interessante, ainda mais levando em conta a “falta de sal” de quase todos os outros personagens, como os insípidos Fernando (Eloy Azorín) e Pierre (Daniel Lundh), o que só pode levar à conclusão de que estão desperdiçados num seriado que, apesar do potencial criado pela primeira temporada, de ser divertido e de ter melhorado agora, ainda é fraquinho.

Nessa linha de raciocínio é que não me conformo com alguns aspectos da narrativa, como o fato de não terem explicado como Diana era sósia de Carolina, ou de non senses como Nicolás voltando a bordo do Bárbara de Bragança sem ter sido visto, a luta de facas patética entre ele e Anna (Itsaso Arana) e do melodrama desnecessário do final.

Por outro lado, quanto aos aspectos técnicos, não há muito o que falar. Continuam tendo qualidade e, apesar de não gostar da maquiagem e do cabelo em geral, amo o figurino escolhido e o cenário da série também é bastante agradável. As cabines de primeira classe dão inveja a qualquer transatlântico da atualidade de tão lindas que são! Junto com a atuação dos protagonistas, são esses aspectos que permitem que o público continue assistindo à obra.

É quase certo que uma quarta temporada de Alto Mar está por vir, dada a possibilidade de as gravações já terem acontecido. Enquanto aguardamos uma confirmação, só me resta conjecturar que seria bastante interessante acompanha-la, apesar de tudo, já que o navio que serviu de cenário para toda a trama até o momento foi destruído. Será que vai rolar?