Caros leitores, creio que todos continuam encantados com Bridgerton nessa nova temporada que se abriu. É claro que a ausência do belo duque de Hastings (Regé-Jean Page) se fez notar, mesmo que todas as atenções estejam agora voltadas para o visconde Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey) e o novo diamante da alta sociedade londrina, a senhorita Edwina Sharma (Charithra Chandran) – ou seria melhor dizer para o visconde e a irmã mais velha do diamante, Kate Sharma (Simone Ashley)?
Ora, foram tantos os murmúrios e os acontecimentos nos longos meses que precederam o tão aguardado retorno desta série que seria de se esperar que as coisas por aqui voltassem a ferver depois dos eventos que se desenrolaram entre o debute da então senhorita Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) e o nascimento de seu filho com Simon Basset na temporada passada, e me alegro em constatar que nosso showrunner Chris Van Dusen não decepcionou e conseguiu manter o fogo desse cenário de riqueza, luxúria e traição bem aceso.
É claro, portanto, que a chegada da família Sharma a Londres, vindas da exótica Índia, com certeza sacudiu um bocado as coisas e especialmente o coração do visconde sisudo que, finalmente, decidiu que chegara a hora de se casar.
É de se notar, assim, que a fórmula utilizada continua a mesma, mas tamanho é o carisma e tão boa é a forma como esta história está sendo contada – leve, descontraída e, principalmente, sutil e sem exageros excruciantes, apesar de clara em suas convicções – que a repetição e os (muitos) clichês não chegam a se constituir em um problema. Pelo contrário!
Pois se antes Daphne se viu tendo que escolher entre a razão e o coração, entre o fácil e o certo, ou seja, entre um príncipe e um duque, seu irmão Anthony se vê agora na mesmíssima situação: Edwina ou Kate? Mas percebam a sutileza porquanto Daphne é mulher e Anthony é homem – um detalhe que faz toda a diferença. Notem que essa pequena mudança de perspectiva, embora ainda no mesmo cenário colorido de frufrus, sedas, coques, costeletas e bailes, constitui-se num tempero diverso, cai na mesma dissemelhança que existe entre o rosa e o azul. Observar Anthony não é o mesmo que observar Daphne e isso, caros leitores, faz dessa temporada tão especial quanto a passada, é o novo, dentro do igual.
É por isso que não difícil notar que, apesar do foco masculino, Simone Ashley tem presença tão forte e inspiradora quanto a de sua antecessora, Phoebe Dynevor, ambas diamantes, mesmo que só uma tenha sido de fato declarada como tal por Sua Majestade, a rainha (Golda Rosheuvel). Nosso visconde também é notável, mas o charme do duque de Hastings deixa saudades.
E não nos esqueçamos também que o novo lorde Featherington chegou misterioso e altivo, mas não serviu para tornar essa família mais interessante. Olhar pelo buraco de sua fechadura não é a melhor das distrações. A única exceção é seu membro mais novo, Penelope (Nicola Coughlan).
Mas agora que Lady Whistledown (Julie Andrews) foi descoberta pela melhor amiga e magoada por seu amor platônico, uma nova curiosidade surgiu dentre tantos ganchos que podem ser puxados para a futura temporada: o que uma mente brilhante, mas de coração partido, será capaz de fazer com seu imenso poder de manipulação? Eu queria ser uma abelha para saber.