A série Ninguém Pode Saber estreou recentemente na Netflix e rapidamente se estabeleceu entre as top 10 das obras mais assistidas da plataforma. Obviamente, existem alguns motivos para que isso tenha acontecido e o primeiro deles é o nome de sua protagonista, a premiada atriz australiana, Toni Collette.
O segundo, é claro, foi o mote proposto pelo seriado, baseado na obra literária homônima de Karin Slaughter. Nele, Andy Oliver (Bella Heathcote), uma mulher de 30 anos cujos últimos resquícios de rebeldia da adolescência ainda persistem, começa a se dar conta de que a mãe, Laura (Collette), possui um passado obscuro que ela desconhecia. Depois de um ataque violento na cidadezinha onde moram, ameaças ocultas e segredos mortais começam a vir à tona.
Tramas desse tipo, que envolvem um mistério intrigante, sempre chamam a atenção do público – ainda mais quando vêm moderadas por temas policias , como é o caso aqui -, mas será que Ninguém Pode Saber, péssima adaptação para o nome original Pieces of Her, sustenta tão boa sinopse?
Para ser direta, apesar de sem dúvida ser bom o bastante para prender o espectador até o final dessa primeira temporada (uma vez que acredito que haverá uma segunda), o drama de suspense prometeu mais do que cumpriu, ainda mais quando se tratou do momento que deveria ter sido o ponto alto de toda estória, ou seja, o confronto entre Laura e Nick (Aaron Jeffery), que, portanto, não foi tão alto assim.
Na verdade, depois do belo primeiro episódio, que claramente contribuiu bastante para fazer a série subir para os top 10 da Netflix, a trama começa a perder força, claudicando perigosamente em corda bamba enquanto se sustenta apenas pelo competentíssimo clima de mistério e a curiosidade que desperta – afinal, todos queremos saber quem realmente é Laura, o que aconteceu em seu passado, como ela vai lidar com o presente e finalmente, qual será o desfecho.
E nisso, Toni Collette se garante facilmente. A veterana apresenta uma interpretação brilhante trazendo em sua esteira a surpreendente Jessica Barden, que fez bonito como a jovem pianista bilionária Jane Queller. Há também a ilustre presença de Terry O’Quinn (o Locke de Lost) que, mesmo que rápida, foi muito bem-vinda para a série.
O mesmo, infelizmente, não pode ser dito de Bella Heathcote, que nem de longe brilhou tanto como o fez no excelente O Homem do Castelo Alto, da Prime Video. Sua Andy é bastante apática, para dizer o mínimo, o que nunca é bom para uma protagonista, ainda por cima quando não há um vilão de destaque para resplandecer em seu lugar – e o grande vilão aqui é bem fraco.
Vale dizer, portanto, que de uma obra de grande potencial, Ninguém Pode Saber se define (pelo menos até agora, considerando-se apenas a primeira temporada), como uma obra mediana. Não se pode dizer que assistir à série é perda de tempo e, devido ao sucesso que obteve, provavelmente ela terá continuação. Quem sabe assim, então, ela se salve!