SPOILER ALERT!
Eu esperava um final um pouco mais mirabolante para Nove Desconhecidos, porém, depois de uma história tão incrível, será que o desfecho, apesar de agradar, não pode ter soado um pouco “fácil” demais? Tudo começou de modo tão feérico e com detalhes tão específicos que eu quase acreditei que estava diante de uma ficção científica… Mas não. Sendo assim, vejamos.
Seguindo a ordem dos acontecimentos, descobrimos que Carmel (Regina Hall) – numa dramatização sem fim -, disfarçada de homem e usando uma lente maluca, foi quem atirou em Masha (Nicole Kidman) e por pouco não tirou sua vida. Essa experiência de quase-morte foi o que transformou a loira e a fez criar o centro de bem-estar que foi o cenário de toda a série. Então, em um belo dia, escolhida pela própria Masha, Carmel aparece no Tranquillum e começa a fazer ameaças para a ex-amante de seu marido… Para então, num piscar de olhos, ser perdoada pela sua vítima e ficar tudo bem? Um pouco decepcionante, certo? Talvez…
Lars, que era o Sawyer da vez (lembram do primeiro texto que escrevi sobre o seriado?), mas acabou se tonando muito mais um Jack, tentou avisar os Marconi sobre os perigos do que eles estavam prestes a fazer – o que incluía a possibilidade de morte -, mas sem sucesso, recolheu-se à sua insignificância e se limitou a gravar os eventos estranhos, mas emocionantes, que estavam acontecendo.
A experiência psicodélica coletiva vivida pela família Marconi, aliás, foi além do que todos, incluindo a própria Masha, esperavam e, por incrível que pareça, parece ter sido a solução necessária para realmente curar aquelas três pessoas do luto que viviam desde a morte de Zach (Hal Cumpston), o que foi, como já mencionado, realmente emocionante.
Para os outros hóspedes, no entanto, as coisas foram bem mais leves. Ben (Melvin Gregg) e Jessica (Samara Weaving) se reencontraram e Tony (Bobby Cannavale) e Frances (Melissa McCarthy) – os mais fofos de toda a história – se encontraram. Mas mesmo assim, tudo só se consolidou de fato com o outro tipo de experiência de quase-morte que todos eles viveram – os Marconi com a superdose de psicodélicos que tomaram e os outros com o fake incêndio que Masha simulou enquanto os prendia em um tipo de quarto de pânico bizarro.
E sendo assim, não houve nada de fantástico ou de ficção-científica no que estávamos assistindo. Na verdade, nada poderia ter sido mais real ou normal, mas contado de uma forma bem dramática e sob uma belíssima roupagem fotográfica, uma incrível trilha sonora e ângulos de câmera que falaram por si só. E isso quer dizer que Masha não era nenhuma deidade, nenhuma elfa de O Senhor dos Anéis. Sob aquela linda figura feérica vivia uma mulher comum que criou tudo aquilo com o simples objetivo de rever sua filha, morta num trágico acidente de atropelamento – o que não a diferenciava em nada de seus hóspedes traumatizados.
No fim, assistimos a uma série que nos fez enxergar como é a vida – injusta, estranha, inexplicável, inexorável, algumas vezes pesada como chumbo e outras vezes tão leve como uma brisa, mas principalmente, bela e, como diz Tyrion Lannister em As Crônicas de Gelo e Fogo, numa das mais tocantes passagens de toda a literatura, cheia de possibilidades. Talvez tenha sido até melhor que fosse assim do que ter assistido àquele final mirabolante que eu estava esperando. Levando em consideração todo o contexto, Nove Desconhecidos terminou como deveria ser – da mesma forma que o nome do cenário paradisíaco em que aconteceu a história sempre sugeriu: Tranquillum.
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👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻