O Mito de Sísifo

Seriado é algo complicado de não se gostar. Esse é, muitas vezes, o motivo que faz as pessoas preferirem assistir a filmes, que se forem ruins, pelo menos acabam rápido. Especialmente quando são longas, as séries que não te capturam nos primeiros episódios acabam sendo abandonadas (quem nunca?).

E eu quase abandonei O Mito do Sísifo. Por que não o fiz? A resposta é simples: eu já tinha sido capturada pelo carisma de Park Shin-Hye desde Herdeiros e, não fosse por ela e, portanto, por minha passionalidade, não teria permanecido na história. 

Para quem não conhece muito da mitologia grega, Sísifo é um rei que ofendeu os deuses e foi obrigado a passar a eternidade empurrando uma pedra gigantesca montanha acima só para vê-la rolar montanha abaixo, de novo e de novo, num ciclo angustiante de tortura eterna.

Mas o dorama não tem nada a ver com pedras rolantes e deuses furiosos. O enredo aborda os segredos do tipo mais complexo de engenharia, aquele que, um dia, vai nos permitir romper as barreiras do espaço-tempo.

Assim, na história, Kang Seo Hae (Park Shin-Hye) veio do futuro para ajudar Han Tae Sul (Cho Seung-woo) e impedir um terrível incidente – é a clássica premissa não original interessante. 

Aqui, Han Tae Sul seria um Sísifo hightech, mas posso garantir que ele é menos interessante que o rei grego, assim como Hades, o senhor dos mortos, é mais intrigante do que Sigma (Kim Byeong-cheol), o vilão afetado que inferniza a vida do protagonista.

É Park Shin-Hye quem se salva um pouco, a solidão de sua personagem sendo, mais uma vez, escondida por trás da mulher durona com habilidades em armas e luta corporal, como em Doctors, dorama em que teve mais um de seus papeis de destaque.

Han Tae Sul tem sua inteligência correndo a seu favor e, se tomarmos como verdade que a genialidade busca a solidão, ele fica ainda mais desinteressante, porque não sobra mais nada.

Já Sigma é o mais versátil dos personagens, o que exigiu uma habilidade maior do ator Kim Byeong-cheol do que de seus colegas, mas, repito, sua afetação vilanesca, seus sorrisos e expressões forçados e senso de humor  batido fez tudo ir por água abaixo. Um desperdício.

E não é só isso, o que é realmente uma pena, já que tudo na série chama a atenção, desde o título atraente, passando pela presença de Park Shin-Hye como protagonista feminina (um nome de peso na Coreia do Sul) e terminando com a própria premissa que, de intrigante e promissora, virou pura encheção de linguiça para preencher os tradicionais 16 episódios dos doramas.

Ora, os showrunners tinham tudo na mão: a exploração de um mito, a exploração do espaço-tempo e uma ideia interessante, mas o esforço para levar a pedra ao ápice foi em vão, e ela rolou montanha abaixo.

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Nota do(a) autor(a)

2.0/5
2.0
o mito de sisifo poster
O Mito de Sísifo
7.0
Título original:
Sijipeuseu: The Myth
Ano:
2021
País:
Coreia do Sul
Idioma:
Coreano
Duração:
70 min
Gênero:
Ação, Drama, Fantasia
Criador(a):
Jeon Chan-Ho, Lee Je-In
Atores:
Cho Seung-woo, Park Shin-Hye, Kim Byeong-cheol

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