Como sabem muito bem os fãs de um dos animes japoneses mais famosos por essas bandas ocidentais, os Cavaleiros do Zodíaco formam um tipo de ordem que surge para proteger Atena, quando a deusa reencarna em nosso planeta para nos agraciar com sua presença olimpiana. Sendo assim, Saori Kido é uma das personagens mais importantes da história toda, praticamente monopolizando a vida dos homens que lhe juraram lealdade, especialmente Seiya, Shiryu, Shun e Hyoga.
Nesse novo remake em 3D lançado pela Netflix no ano passado e que chegou em sua segunda temporada recentemente, não é diferente. Apesar de ser mais reduzido em episódios que a versão original de 1986, em muitos aspectos ele até que é bem fiel ao anime que lhe dá base. Nos novos episódios, porém, mudanças foram feitas para que a história se ajustasse aos tempos modernos e, então, foi dada uma maior representatividade às mulheres.
Tendo isso em mente, o choque mais marcante é, sem dúvida, a mudança de gênero de Shun, o que causou fortes reações nos fãs da saga, e não sem razão. Em primeiro lugar, tal modificação vai de encontro à própria mitologia original que nos foi apresentada antes, segundo a qual quando uma mulher se torna cavaleiro, é obrigada a esconder seu rosto atrás de uma máscara e a renunciar à feminilidade, já que sua vida será treinar e lutar.
Em segundo lugar, vem outro motivo um pouco mais velado. É claro que o Cavaleiro de Andrômeda original tem uma aparência mais feminina que os demais e, além disso, é bastante sensível (ele chora muito) e pode ser considerado também o mais fraco do grupo. Mas é justamente por isso que trocar o sexo dele causa o efeito contrário do planejado pelo roteirista Eugene Son porque, no final das contas, colocaram uma mulher no papel do homem fraco e sensível. O que isso quer dizer?
Mais ainda, em meio à fotografia maravilhosa e do trabalho digital incrível que fizeram nesse anime, alguns detalhes soaram incoerentes. Tanto é que, seguindo nessa nova pegada de que as mulheres não precisam mais colocar máscara, outra personagem marcante da história, Shina, também aparece de rosto exposto, mas Marin, a misteriosa mestre de Seiya, não. Vai entender!
Por outro lado, Saori está mais forte e ganhou mais espaço. Isso sim valeu a pena! Afinal, ela não é somente Atena, mas também o amor platônico de Seiya. Dessa maneira, posso dizer que o que mais gosto na trama é essa retratação da deusa como humana também, não obstante todo seu poder divino.
Foi assim que, misturando os erros e os acertos, surgiu a segunda temporada de Saint Seiya: Cavaleiros do Zodíaco que, apesar de tudo, é divertimento certo, ainda mais levando em consideração as expressões e gírias atualizadas que foram inseridas e que rendem boas risadas. Isso sem contar, é claro, que como já dito, o trabalho digital tornou o anime uma coisa linda de ser ver.