Silo – 1ª temporada

Silo é, sem dúvida, uma das, se não a melhor série do ano passado. Escrevo com atraso sobre a primeira temporada porque não tive o privilégio de assistir à parte inicial da obra da Apple TV+ na época de seu lançamento, mas como diz o ditado: antes tarde do que nunca.

Falo com aquela empolgação que todo cinéfilo experimenta quando vê um belíssimo exemplo de audiovisual de um gênero de que gosta – no caso, drama, mistério e ficção científica, tudo junto e misturado.

Estamos em um mundo pós-apocalíptico que nos mostra uma sociedade composta por dez mil pessoas que vivem isoladas dentro de um silo. E ali, acompanhamos a história de Juliette (Rebecca Ferguson), uma engenheira que vive pacificamente até que um acontecimento fatídico vai motivá-la a fazer perguntas. E no Silo, perguntas são perigosas.

Tal sinopse já revela que não há nenhum ineditismo na série do showrunner Graham Yost – são várias as outras obras que exploram essa premissa -, mas pura e simplesmente a competência de quem soube adaptar muito bem o livro Wool, de Hugh Howey, no qual é baseada. Eis a força da conjunção bem sucedida entre audiovisual e literatura.

O espectador se depara não apenas com investigações e suspense, mas também, e principalmente, com severas críticas sociais, potencializadas pelo fato de estarmos diante de uma sociedade bem mais reduzida. É notável o quão fácil é perceber tudo o que acontece e também o quão explícita é a facilidade de dominação, numa relação de proporcionalidade direta. E há um certo aval tácito daqueles que escolhem permanecer “cegos” diante da verdade, validando aquele outro ditado que diz que em terra de cego quem tem olho é rei. 

Mas o que será que acontece quando essa cegueira outorgada começa a ser vencida pela luz do conhecimento? Juliette será essa luz? O pior é que agora temos que esperar pela segunda temporada para descobrir.