Era uma vez um homem que costumava lutar boxe. Grande e bronco, mas de enorme coração, Stuart se vê obrigado a deixar sua profissão violenta e decide se mudar para Hollywood para se tornar ator. Em vez disso, ele se tornou padre.
É difícil classificar essa troca de carreira tão inusitada, ainda mais quando o catalisador que a motivou foi mais inusitado ainda: uma mulher.
Com o tema da religião, Luta Pela Fé (Father Stu) não é um conto de fadas, mas um filme biográfico que fala sobre predestinação, o primeiro longa da diretora Rosalind Ross que, para começo de conversa, fez um excelente trabalho – ainda mais para quem curte esse tipo de película.
Mas, sem dúvida, além do ótimo roteiro e da boa direção, o que mais contribui para o sucesso do filme é a atuação inspirada de Mark Wahlberg (que mais recentemente também fez sucesso como Victor Sullivan em Uncharted – Fora do Mapa. Seu trabalho é tão bom quanto o de Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo (James Marsh, 2014), sem levar em conta, é claro, a diferença de “tamanho” entre as duas obras, já que A Teoria de Tudo teve todo o aparato da Universal Studios em sua distribuição.
E ainda que Wahlberg tenha sido impecável em sua interpretação, também foi ajudado pelos coadjuvantes brilhantes que o cercaram: Mel Gibson, que interpreta Bill Long, seu pai; Jacki Weaver, que interpreta Kathleen Long, sua mãe; e Cody Fern, que interpreta Jacob, um colega seminarista.
Só isso bastaria para que nos fosse apresentada uma obra satisfatória, mas Ross conseguiu incutir nela uma delicadeza especial que alterna muito bem entre a gradativa conversão de Stuart do ateísmo para o cristianismo e seu relacionamento com os pais, eternamente afetado pela morte de seu irmão. A doença que veio depois e ceifou sua vida tão cedo, também não foi em vão, por mais terrível que isso possa parecer.
Triste, sim, como qualquer história que envolve ver um homem forte no auge de sua vida e carreira definhar; mas também bonito, como qualquer história que envolve o encontro de um homem com sua verdadeira vocação, Luta Pela Fé mais do que vale a pena, nem que seja simplesmente para conhecer quem foi o padre Stu.
