Crítica | A Médium

O filme tailandês A Médium chega aos cinemas com grande clamor da crítica internacional e ainda maior expectativa do público e entusiastas do terror. O motivo pode não ser outro que o fato de a obra lembrar muito o icônico A Bruxa de Blair (Daniel Myrick, Eduardo Sánchez, 1999), um dos maiores trabalhos de marketing que o cinema já conheceu (pelo menos mais recentemente).

O longa traz a mesma proposta de simular um documentário, construindo, portanto, uma vibe mais realista, um estilo que eu, particularmente, não gosto, mas que reconheço que possui seus “encantos”.

A Médium demora um pouco para “pegar no tranco”, mas depois mostra a que veio, crescendo devagar e estendendo sua “magia” quase que imperceptivelmente. A trama segue Nin, uma médium que precisa salvar a sobrinha de uma falange de demônios que a possuiu.

Narilya Gulmongkolpech, que interpreta Mink, a sobrinha possuída, faz um trabalho tão absurdo de bom, que só ele vale todo o filme. E como a atmosfera é de realismo, é difícil pensar que ela não sofreu uma possessão verdadeira, da mesma forma como muitos pensaram que os acontecimentos de A Bruxa de Blair foram reais.

No entanto, diferente dele, A Médium é mais gráfico e não aposta no medo sugestionado, mas de fato mostra quem está causando todo o mal apresentado.

Sendo assim, assistir à lenta transformação de Mink e, consequentemente, de todos ao seu redor, é realmente assustador e definitivamente, sangrento. Contudo, a violência não é desesperada, mas premeditada e muito bem utilizada no roteiro pontual, rico e extremamente bem construído. E a quase ausência de uma trilha sonora, longe ser algo ruim, como geralmente seria, só faz as coisas se tornarem ainda mais reais – sinal de um trabalho bem feito.

O que considero o ponto alto do filme, no entanto, é a maneira como ele lida com os dois poderes que são levados a confronto: de um lado a médium, com toda a carga e força que o termo carrega, e de outro, o mal, em sua manifestação mais cruel e suja, enquanto macula pouco a pouco a pureza de uma jovem.

Eu diria, portanto, que A Médium faz bonito em tudo no que diz respeito à forma e conteúdo, todavia faltou, e aí a culpa já é toda minha, aquele arrebatamento que causa palpitações e faz os olhos brilharem. Os tais “encantos”, enfim, não me hipnotizaram.

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Nota do(a) autor(a)

3,5/5
3,5
A médium Pôster
A Médium
6,6
Título original:
The Medium
Ano:
2021
País:
Tailândia
Idioma:
Tailandês
Duração:
130 min
Gênero:
Terror
Diretor(a):
Banjong Pisanthanakun
Atores:
Narilya Gulmongkolpech, Sawanee Utoomma, Sirani Yankittikan

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