Crítica de série

Crítica | Amor e morte

Publicado 1 ano atrás

Nota do(a) autor(a): 4.8

Amor e morte (Love & Death). Duas palavras que parecem antônimas e soam tão antagônicas quanto. É o título perfeito para nomear a história de true crime que aconteceu em Wylie, Texas, em junho de 1980, um caso tão grotesco que está em sua terceira representação em audiovisual, agora pela HBO. E envolve amor e morte.

Se você ainda não sabe o que ocorreu naquela fatídica manhã de verão de uma pequena cidade texana, aconselho a não procurar muito e assistir à minissérie na mais completa ignorância. Deixe que a atuação minimalista de Elizabeth Olsen e a interpretação enérgica de Tom Pelphrey o guiem do affair ao machado. Do amor à morte.

São apenas sete episódios em que o showrunner David E. Kelley, o mesmo criador de Big Little Lies (2017-2019), The Undoing (2020) e Nove Desconhecidos (2021) – todos da HBO -, navega de algo que parece uma comédia romântica, a uma coisa que chama nosso lado mais mórbido e prende a atenção até do maior desavisado que aperta o play na plataforma de streaming, atraído não só pelo bonito cartaz da obra, que estampa o rosto molhado de Olsen, mas também pela instigante descrição da minissérie. A mídia chamou essa coisa de true crime.

Leia a crítica de The Undoing

Leia a crítica de Nove Desconhecidos

Não posso fazer comparações com as duas outras produções já feitas sobre a mesma história, simplesmente porque não as assisti (aliás, estou ansiosa para o desembarque da Hulu aqui no Brasil). Mas posso dizer que o roteiro de Kelley, aparentemente (ou talvez de fato) lento, é extrema e inegavelmente inteligente. A sutileza com que o showrunner desenvolve a minissérie é tão brutal quanto o seu desfecho. Quem assistiu às outras obras citadas acima já conhece o estilo do homem. Não dá para desgrudar os olhos da tela.

Mas dessa vez, no lugar da elegante Nicole Kidman, protagonista de todos aqueles títulos, está a talentosíssima Elizabeth Olsen, uma gigante em ascensão que dá um espetáculo à parte, assim como fez em WandaVision (2021) e em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022). Sua personagem, Candy, é de uma complexidade ímpar e fascinante. Sua expressão consegue dizer mais do que suas palavras.

Leia  a crítica de Doutor Estranho no Multiverdo da Loucura

Contrabalanceando tudo isso está Tom Pelphrey, que interpreta o advogado Don Crowder, uma explosão de emoções, gestos e palavras.

Esteticamente falando, acho que não erro quando digo que o ponto forte de Amor e Morte está na caracterização. Depois que acabar de assistir, experimente dar uma olhadinha nas personagens reais da história para confirmar.

E para além de tudo isso, está o diálogo da trilha sonora com a própria evolução da história, marcando a mudança da leveza para a tensão inerente ao true crime.

Amor e Morte só se fragmenta depois do primeiro golpe do machado. Até porque ninguém sabe, nem nunca vai saber, o que realmente aconteceu naquela pequena lavanderia numa casa de subúrbio texana.

Aqui, as sutilezas do amor têm consequências sérias, e terminam com uma morte brutal, como diz o próprio nome “spoilerento” da minissérie, ou, melhor ainda com o veredicto do juri em um dos julgamentos mais famosos do século passado.

O meu veredito vocês acabaram de descobrir. Qual é o de vocês?

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amor e morte poster

País: EUA

Idioma: Inglês

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