“Nossos sonhos, eles finalmente se tornam realidade.”
Essa simples frase da música City of Stars talvez resuma tudo o que o jovem diretor Damien Chazelle quis mostrar com seu La La Land: Cantando Estações (La La Land). E o que ele talvez quis dizer é que de um jeito ou de outro, os sonhos sempre encontrarão a realidade, que pode confirmá-los, rejeitá-los ou simplesmente transformá-los. E como é idílica a realidade desse filme!
La La Land fez sua estreia em 2016, sem dúvida, uma das produções mais aguardadas daquele ano. Chegava pelas mãos de um diretor talentoso que vinha de outro grande sucesso, Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash – 2014). E mais uma vez Chazelle via seu nome na lista de indicados ao Oscar em várias categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro (original e adaptado, respectivamente), Melhor Montagem e Melhor Mixagem de Som.
Assim, parece não restar dúvidas de que o diretor tem jeito com música, porque encantou com ambas as produções. Porém, o que garante o sucesso de um filme é um conjunto de vários elementos que, numa unidade estilística ou mise-en-scène, desperta a emoção do público. O gênero da produção e seus elementos técnicos, considerados isoladamente, não querem dizer muita coisa, o conjunto da obra é que importa no final.
Por isso, não foi a qualidade da música que quase deu o Oscar a La La Land, e percebam que City of Stars e Someone In The Crowd até hoje são lembradas! Também não foi a excelência da montagem, que transitou com sucesso entre a realidade e o sonho, o real e o idílico, a praticidade e a utopia. Nem foi a química impressionante entre o casal de protagonistas interpretados por Ryan Gosling e Emma Stone – que já haviam trabalhado juntos em Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love – 2011) – que deu a película todo o seu poder. Todos esses elementos são essenciais, é claro, mas não bastantes.
O que torna La La Land único é que a música acontece junto a um engarrafamento quilométrico; o sucesso profissional junto a um jantar romântico fracassado; a paixão junto a ausência do ser amado. Vejam que está aí a fusão do real com a fantasia, uma característica tão marcante do filme que se estendeu para além dele, até a premiação do Oscar.
Assim foi que Faye Dunaway, apresentadora da categoria de Melhor Filme da cerimônia de 2017, anunciou que La La Land tinha conquistado o tão almejado prêmio. O sonho tinha se realizado, então. Mas não. Ocorre que quando todo o feliz elenco já se encontrava no palco, comemorando o feito, Jordan Horowitz aparece para consertar o erro, anunciando o real vencedor da noite, o superestimado Moonlight: Sob a Luz do Luar. Um banho de água fria imerecido da Academia, porque aquele ano realmente foi de Chazelle, Emma Stone, Ryan Gosling e o resto da equipe do icônico musical.
Ora, aquele último minuto do filme emociona até o mais duro dos corações, muito mais do que até a luz do luar conseguiu fazer. La La Land está agora disponível no catálogo da Netflix. Se você ainda não assistiu, agora é sua chance – “a cidade das estrelas nunca brilhou tão forte”.