O mundo pode ser um lugar bem assustador. Basta que apenas liguemos a TV para constatarmos isso. Guerras, pandemias, violência. O noticiário por si só é capaz de fazer jorrar sangue para dentro da sua sala de estar. E ainda assim nós corremos para assistir os filmes de terror. A experiência controlada de adentrarmos um universo de terror do qual temos certeza de estarmos seguros atrai espectadores desde a criação do cinema. Por esse motivo, vários títulos são lançados todo ano na tentativa de atrair o público ávido por alguns sustos. Dessa vez, o longa em questão é O Segredo da Floresta, lançado na plataforma de streaming Cinema Virtual.
Tendo como pano de fundo a Índia e seu folclore, o filme conta a história do casal americano Jay e Amy, que decidem passar férias românticas em um hotel remoto no norte da Índia, país de origem da família de Jay. Ao se perderem em um passeio na natureza local, acabam por presenciar o exorcismo de uma criança que é deixada para morrer na mata. Sendo médica, Amy decide então por resgatar a menina e levá-la com eles para o hotel. Começa então o mistério sobre que mal aflige a menina e se ela realmente está possuída por alguma entidade maligna.
O longa tenta apresentar uma nova visão sobre filmes de exorcismo, usando a cultura indiana como referência, algo que não é muito comum em filmes de terror. Diferentes culturas possuem histórias diferentes acerca de temas universais, como religião, e podem nos enriquecer culturalmente se bem realizados. Por mais que em alguns pontos o filme evoque imagens bem distintas e interessantes sobre essa cultura em particular (o fato das pessoas andarem na floresta com máscaras atrás da cabeça para que espíritos não os ataquem é bem eficiente em nos deixar desconfortáveis), ele sofre em nos mostrar isso de forma pasteurizada, como vários outros filmes já fizeram, em que o protagonista de uma sociedade “moderna” viaja para um lugar de tradições antigas e tenta racionalizar o que vê, na tentativa de “salvar” aquelas pessoas de sua própria cultura “retrógrada”.
O que se segue então é um filme que trilha caminhos traçados por diversos outros longas, com crianças possuídas, personagens suspeitos, rituais antigos, a questão da ciência em contraponto ao sobrenatural/religioso, e etc. Para os não iniciados no gênero, pode até assustar em um ou outro momento, mas para aqueles que assistiram um ou mais filmes sobre exorcismo, a sensação de deja vu é inevitável. O desfecho da trama até faz uma boa rima narrativa com seu início, mas até isso é pouco eficiente ao escolher fazer isso em uma cena pós-créditos que só faz encerrar o filme novamente.
Tudo isso seria motivo para o filme ser apenas mais um em meio a tantos outros, mas o longa sofre de alguns problemas técnicos que o colocam um pouco abaixo da média. Começando pelo elenco principal pouco expressivo (com exceção de Subrat Dutta, no papel de Navin e da menina Asha interpretada por Tvisha Seema) e os diálogos pouco inspirados, culminando nesse que é o ponto mais baixo do título, sua trilha sonora. Presente em praticamente toda a curta duração do longa, a trilha martela na cabeça do espectador a informação de que estamos vendo um filme de terror, até mesmo em momentos mais calmos a trilha teima em ser “assombrada” ou tensa.
Resumindo, O Segredo da Floresta é uma oportunidade desperdiçada de mostrar uma visão diferente para um gênero tão saturado de enlatados. A globalização do cinema, por mais que tenha suas vantagens, acaba por deixar histórias de diferentes culturas iguais e padronizadas. Talvez esse seja o verdadeiro terror.
Uma resposta
claramente copiaram o RPG de o segredo da floresta do cellbit, tem a liz e o joe, e santo berço verção indiana