O cinema está cheio de filme com boas pretensões e ideias que, quando colocadas em prática, não funcionam muito bem. Tal fato pode ter várias razões, mas geralmente tem a ver como o diretor realiza o roteiro que tem na mão. Nesse caso, a forma cinematográfica fica comprometida e, mesmo que tenha qualidade, não agrada. É o que acontece com O Som do Silêncio (Sound of Metal), do diretor estreante Darius Marder, que recentemente entrou no catálogo na Amazon Prime Video.
O longa conta a história de Ruben (Riz Ahmed), um baterista de heavy metal que perde a audição de repente e tem que aprender a se adaptar à sua nova condição.
Sendo assim, é claro que O Som do Silêncio é uma linda e necessária homenagem às pessoas sem audição, “ironicamente” adaptada para o público que pode ouvir! Isso o filme faz bem e, graças à belíssima mixagem de som, é possível imergir na história e entender (pelo menos um pouco) pelo que os surdos passam.
Ademais, o longa se apresenta muito bem fotograficamente falando, com imagens bonitas principalmente da comunidade chefiada por Joe (Paul Raci, em comovente atuação) onde Ruben vai passar um tempo para aprender a lidar com a surdez. As cores escuras, no entanto, nunca deixam nossas vistas, lembrando sempre ao espectador que existe uma parte dentro do personagem principal que não consegue aceitar o que aconteceu com ele.
E além disso, há que se destacar a sensível interpretação de Olivia Cooke como Lou, a namorada do Ruben, que vai lhe render uma campanha, por parte da Amazon, para sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.
Finalmente, também é impossível não notar que o trabalho de Marder foi muito bem feito quanto à construção de seu protagonista, mostrando que a deficiência auditiva ao invés de limitá-lo, pelo contrário, expande suas possibilidades de vida, tirando-o do trailer apertado onde vivia e mostrando que ele tinha outras habilidades além de tocar bateria.
Por outro lado, como já mencionado, Darius Marder não acertou em tudo em seu filme, cujas cenas são muito longas e cheio de tomadas desnecessárias, o que torna a obra cansativa e monótona. Não creio que a intenção era passar essa impressão, já que o filme tem certa ação e a comunidade de surdos onde se passa a maior parte da história mantém Ruben bastante ocupado.
Nesse ínterim, não posso deixar de fazer aqui a comparação com o ótimo Hush: A Morte Ouve (Hush, Mike Flanagan, 2016), cuja protagonista também é surda e que tem apenas dezessete minutos de diálogo durante toda sua extensão. A película é simplesmente eletrizante!
Sendo assim, é a falta de uma cadência um pouco mais dinâmica que fez O Som do Silêncio descer no meu conceito. Que o longa acerta como homenagem e mostra uma enorme sensibilidade do começo ao fim é fato, mas erra como entretenimento. Para falar a verdade, é um filme que gera mais sono do que atenção.
Respostas de 2
Discordo da avaliação. Realmente o filme não é de ação e eletrizante mas Longa é sensível e profundo e aborda questões importantes como cuidar da nossa saúde , ouvir nosso EU interior , aceitar nossas limitações , ter fé em nós mesmos. É um filme que precisa ter sensibilidade para entendê-lo.
👍🏻