Crítica de série

Crítica | O começo promissor de ‘Sombra e Ossos’ – 1ª temporada

Publicado 4 anos atrás

SPOILER ALERT!

Sombra e Ossos (Shadow & Bone) chegou com força na Netflix para ser a mais nova aposta no gênero fantasia do streamer vermelhinho. Baseado na obra literária do autor Leigh Bardugo, que também atua como produtor executivo da série, a produção traz à tona um mundo criado em um universo distinto e habitado por criaturas das mais diversas espécies e poderes, uma tentativa da Netflix de chegar a algo parecido com o que Game of Thrones fez na HBO, mesmo que eu não acredite que tenha havido qualquer pretensão maior nesse sentido.

De fato, foram feitas algumas comparações acerca dos dois seriados e algumas semelhanças podem ser realmente apontadas. Assim como GOT é inspirada na era medieval, Sombra e Ossos tem como inspiração a Rússia czarista, e da mesma forma como os westerosis da história de George R. R. Martin esperam há tempos a volta de Azor Ahai, o herói portador da luz que os salvará novamente de uma época de trevas, os habitantes de Ravka também aguardam aquele que será o Conjurador do Sol. A diferença essencial está num fato simples que é o que considero o mais interessante: no mundo de Bardugo, a tal escuridão que cobre todos os povos não é metafórica, mas literal, e se chama Dobra.

Sendo assim, em Sombra e Ossos as trevas que dividem o reino de Ravka em dois são um local real, visível e tangível onde bestas aladas terríveis conhecidos como Volcras espreitam a espera de quem quer que tenha a ousadia de tentar cruzar seus domínios.

O elenco é marcado por atores mais desconhecidos com a possível exceção de Ben Barnes, que viveu o príncipe Caspian de As Crônicas de Nárnia (2008/2010) e também o desafortunado Logan de Westworld (2016-2018). Ele interpreta o vilão General Aleksander Kirigan, o personagem mais rico de toda história. Seu passado extenso é assinalado por uma história de amor e bastante perseguição, sendo também o lugar onde podemos encontrar sua redenção. Obviamente, tal perseguição tem base no preconceito, já que o general é grisha, uma espécie de humano com um poder especial. Ele, especificamente, é capaz de manipular as sombras e também pode atuar como um amplificador dos poderes de outros grishas.

Sendo assim, Aleksander é com certeza muito mais interessante do que nossa protagonista, Alina Starkov (Jessie Mei Li)) – uma mocinha típica bastante sem sal -, e seu futuro par romântico, Mal (Archie Renaux), outro mocinho típico que praticamente não ajuda em nada. O arco deles poderia ter sido muito mais interessante se seu passado tivesse sido melhor explorado. Porém, Aleksander e Alina formam o conceito dual do enredo, sendo ele o manipulador das trevas e ela a conjuradora da luz. Uma pena que a química entre os dois também não deu muito certo.

Por tudo o que já foi dito, fica claro que os efeitos especiais aqui tiveram que ser bastante explorados para poder passar para o público a sensação de angústia e perigo das sombras e o alívio e a segurança do sol. As cores que remetem ao clima épico da fantasia também estão muito acertadas. Nesse quesito a série não falhou, nos presenteando com cenas muito bonitas e bem trabalhadas dos poderes escuros de Aleksander em contraponto aos poderes luminosos de Alina.

Outros arcos, porém, embora com menos firulas, são bem mais interessantes, como é o caso do trio formado por Kaz (Freddy Carter), Inej (Amita Suman) e Jesper (Kit Young). Cada um representando uma etnia diferente e com habilidades distintas, os três formam um grupo que vai crescendo com o passar dos episódios, cativando o público cada vez mais com seu desenvolvimento. O núcleo mais interessante de todos, porém, corre pela tangente, mal parecendo se conectar com o restante do enredo. A lasciva Nina (Danielle Galligan) e o todo certinho Matthias (Calahan Skogman) fornecem os melhores momentos de toda a série, mesmo que sua história seja um pouco clichê e previsível. Sinceramente, espero que eles estejam mais presentes na próxima temporada!

Por fim, para terminar com a comparação com que comecei, mesmo com as semelhanças óbvias entre os dois trabalhos, Sombra e Ossos não chega nem aos pés de Game of Thrones, ou mesmo do excelente The Witcher, mas tampouco é para ser ignorado como o péssimo Cursed (2020), no qual a Netflix errou feio. A nova série tem bastante potencial e espero ver bem mais do reino de Ravka.

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Sombra e Ossos Poster

País: EUA

Idioma: Inglês

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