Harry Potter: De Volta a Hogwarts | Emoção pura

Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint não tiveram uma infância comum. Eles cresceram interpretando, no cinema, três dos personagens mais icônicos da literatura contemporânea e, por isso, foram imortalizados.

Harry, Hermione e Rony. É difícil haver um ser humano na Terra que não tenha pelo menos ouvido falar nesses nomes, porque quando se trata de Harry Potter, a magia acontece, literalmente.

Já se foram vinte anos desde o lançamento do primeiro filme baseado na saga de J. K. Rowling, vinte anos desde que o cinema decidiu expandir e dar vida ao que já era excelência no papel, vinte anos desde que vimos, pela primeira vez nas telonas, o mundo mágico que uma autora inglesa que passava por severas dificuldades financeiras criou não só para salvar sua vida, mas também para nosso deleite e enriquecimento cultural.

E eis que a Warner Bros. Pictures e a HBO resolveram produzir um especial só para provar que Harry Potter não mudou somente a vida de sua autora e de alguns jovens britânicos que tiveram a sorte e a honra de passar nos testes de elenco, como também moldou toda uma geração de pessoas ao redor de todo o mundo.

Olhar para a emoção de Radcliffe, Watson e Grint ao relembrarem todos aqueles anos juntos, gravando a maior franquia baseada em livros de toda a história, foi como olhar no espelho e ver uma parte linda e mágica de nossas próprias vidas passando diante dos olhos.

Foi de arrepiar até o último fio de cabelo.

Vinte anos se passaram tão rápido. Parece que foi ontem que uma moleca pequena de treze anos se sentou no cinema para assistir à Pedra Filosofal, o filme de seu livro favorito, e quase chorar ao ver à inesquecível cena do Quadribol e a vitória da Grifinória sobre a Sonserina na competição das Casas.

Hoje, duas décadas mais tarde, De Volta à Hogwarts nos faz reviver aquela mesma emoção,

De Columbus a Yates

Tudo começou com Chris Columbus, cineasta conhecido por trabalhar muito bem com crianças. E ele estava lá no documentário, ao lado de seus pupilos, hoje com mais de 30 anos, relembrando com eles aquela infância incomum de diversão, magia e fama.

Não fosse por Columbus, talvez a franquia não tivesse sido o que foi, porque criar a Hogwarts imaginada por Rowling era responsabilidade pesada. Mas ele conseguiu. A Pedra Filosofal e A Câmera Secreta foram dele, que construiu as bases sólidas da franquia. Esse começo não poderia ter sido de outro diretor.

Os dois primeiros filmes eram claros, coloridos, o começo da vida mágica de Harry e também de Daniel, Emma e Rupert. Foi Columbus quem os transformou nos personagens, fato que ficou bem claro nas entrevistas conduzidas.

Veio então Alfonso Cuarón, que assumiu o controle em O Prisioneiro de Azkaban. Harry Potter então ficou sombrio, escuro, nada parecido com o mundo de Columbus. Fazia sentido, já que nessa parte da história nos são apresentados os Dementadores, os temíveis guardas da prisão dos bruxos, Azkaban, conhecidos por se alimentar da felicidade e de todos os sentimentos bons das pessoas. Mas a essa altura, a franquia já estava firme e forte na mente do público.

No entanto, Cuarón não foi quem mais causou impressão em nossos protagonistas, mesmo naquela época. Nessa parte do documentário aparecem Helena Bonham Carter e Gary Oldman. Sempre hilária, Bonham Carter teve a presença de espírito de colocar a dentadura que usou para gravar suas cenas, mas não sem antes revelar a Daniel que ela não lavava aqueles dentes há muito tempo. Já Daniel confessou que Oldman foi o ator que mais lhe impressionou. “Ele é ‘grande’”, disse ele a Emma e Rupert, quando o conheceu.

E então passamos ao Cálice de Fogo. Agora o diretor era Mike Newell. Confesso que não sabia que o homem era tão engraçado! O cineasta assumiu a franquia quando tanto os personagens como os atores estavam no auge da adolescência e soube lidar muito bem com isso. Ele se envolveu tanto no trabalho que até quebrou algumas costelas quando foi mostrar a James e Oliver Phelps (o Fred e o George Wesley) como eles deveriam agir em determinada cena de briga!

Ah! O quarto livro era o maior até então, e a dificuldade de adaptação aumentou. Mas Newell fez um belíssimo trabalho. Com ele, o filme recuperou um pouco da cor de Columbus. Tinha que ser, não é mesmo? Com os alunos de Durmstrang e Beauxbatoun chegando, bailes e hormônios e a empolgação do Torneio Tribruxo, toda aquela coisa sombria diminuiu… a não ser pelo aparecimento de Lord Voldemort no final.

Ralph Fiennes também deu o ar de sua graça para contar como ele se tornou um dos piores vilões da história, o bruxo mais poderoso que existiu. Dá para imaginar outro ator que não fosse ele no papel?

E por fim, veio David Yates, que assumiu a direção de Harry Potter para nunca mais, pelo menos até agora, largá-la. De A Ordem da Fênix até As Relíquias da Morte e a nova franquia de Animais Fantásticos, o trabalho é dele.

O que marca essa parte da história é que ela deixa de ser infanto-juvenil para se tornar algo maior. Harry, Hermione e Rony e os atores que os interpretam estão virando adultos, e as coisas estão ficando mais sérias.

Yates tratou seu trabalho com bastante seriedade e dá para perceber as diferenças quanto a seus antecessores. Ele deu as seus filmes as cores das capas originas dos livros. Sim, a Ordem da Fênix é azul e O Príncipe Mestiço é verde. No entanto, na última parte, As Relíquias da Morte, ele recupera o aspecto sombrio de Cuarón.

Nessa época, Daniel, Emma e Rupert já são jovens adultos, sem mais nada daquela carinha de quando os conhecemos em 2001, até porque o hiato entre os filmes aumentou.

As cenas mais marcantes

Mas é claro que, em quase duas horas de documentário, algumas cenas marcaram mais. O que foi Emma Watson e Tom Felton confessando que têm um crush um pelo outro? E Rupert dizendo a Emma que a ama (como amiga)?

Jason Isaacs, o nojento Lúcio Malfoy se mostrou incrivelmente carismático e protagonizou ótimas cenas da reunião. E Robbie Coltrane tão fofo quanto seu personagem, Hagrid, com certeza arrancou lágrimas dos espectadores.

Todavia, a emoção maior ficou quando chegou a hora de relembrarmos aqueles que já se foram, como Richard Harris, o primeiro e o melhor Dumbledore da franquia, e Alan Rickman, o inesquecível Snape (e talvez o melhor ator de todos os filmes, num duelo de titãs).

Vinte anos. Tanto tempo passou. Crianças viraram adultos e a vida continuou. Mas Hogwarts permanece, eterna, mesmo que de vez em quando fique ali quietinha no canto de nossas mentes.

Por tudo isso é que a cena final do documentário, escolhido a dedo para fechar com chave de ouro essa viagem no tempo, foi tão arrasador.

“Depois de todo esse tempo?”

“Sempre.”

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