O Mundo De Gelo E Fogo | Uma Análise: Viserys I

Dizem que tempos difíceis geram homens fortes e tempos fáceis geram homens fracos. Viserys Targaryen não era exatamente fraco, mas com certeza não foi um dos reis mais fortes que o Westeros já tivesse conhecido. Ele herdou o Trono de Ferro de seu avô Jaehaerys depois de ter sido escolhido pelos senhores dos Sete Reinos no Grande Conselho de 101 depois da Conquista em detrimento de sua prima, Rhaenys, que a era a filha mais velha do filho mais velho do Velho Rei, morto antes que ele mesmo pudesse assumir a Coroa do pai. A própria Rhaenys já tinha um filho, Laenor Velaryon, o principal concorrente de Viserys no Grande Conselho, mas na cultura machista de Westeros, a descendência masculina falou mais alto do que a feminina e, sendo filho de Baelon Targaryen, segundo filho de Jaehaerys, também morto antes do pai, Viserys prevaleceu.

O Velho Rei deixou para o neto de vinte e seis anos um reino próspero e pacífico, por isso, o governo de Viserys foi um dos mais felizes que os Sete Reinos já tinham tido até então, sendo considerado o auge do Poder Targaryen em Westeros. Nessa época, o comércio ia bem e a Fortaleza Vermelha vivia de festas, bailes e torneios, um lugar de música e esplendor. Viserys era conhecido por sua simpatia e generosidade. Sempre afável e querendo agradar, os senhores e a plebe o amavam, assim como amavam sua única filha viva, a princesa Rhaenyra, fruto de seu casamento com a rainha Aemma Arryn, prima dele.

Porém, confortável com a época de pujança em que sempre viveu, Viserys, diferente de seu pai e de seu avô, conhecidos por sua constituição forte e habilidade com a espada, nunca deu muita importância a nenhum treinamento físico como guerreiro e, mesmo tendo sido o último Targaryen a montar Balerion – o que é digno de nota -, jamais reivindicou outro dragão depois da morte do Terror Negro. Por isso, ele se tornou um homem flácido e gorducho, contrastando diretamente com seu irmão mais novo, Daemon, descrito como “magro e firme, um guerreiro famoso, ágil, ousado, mais do que um pouco perigoso.” Até o fim da vida do rei, a relação dos dois foi uma verdadeira montanha russa de altos e baixos.

No ano de 105 depois da Conquista, a rainha Aemma morreu dando à luz o filho de Viserys, que também não sobreviveu. Pouco tempo depois, o rei declarou Rhaenyra como sua legítima herdeira e a nomeou Princesa de Pedra do Dragão. Porém, muitos no Westeros ainda não estavam preparados para ver uma rainha sentada no Trono de Ferro, e estes nutriam a esperança de que Viserys, que nessa época ainda não tinha trinta anos, se casasse novamente e produzisse um herdeiro homem. Mas nessa questão, o rei, um homem pouco determinado – traço que herdou de seu bisavô, Aenys -, se mostrou inflexível e anunciou que se casaria com a filha de sua Mão, Alicent Hightower, a garota inteligente e adorável que lia para Jaehaerys I em seu leito de morte. A decisão desagradou tanto o príncipe Daemon, que ainda se achava no direito de ser o herdeiro legítimo do irmão, quanto a Casa Velaryon, já que todos esperavam que Viserys escolhesse como nova rainha Laena Velaryon, irmã do rival dele no Conselho de 101 depois da Conquista, Laenor Velaryon, e filha da princesa Rhaenys com o lorde Corlys Velaryon, o Serpente Marinha.

Mesmo assim, foi Alicent quem deu a Viserys os filhos homens que todos tanto esperavam, além de outra mulher. Assim, vieram Aegon, Helaena, Aemond e Daeron. Porém, à medida que a felicidade da corte e do reino aumentava com cada nascimento, crescia também a inimizade entre a nova rainha e a filha primogênita do rei. As duas mulheres se odiavam de forma visível, mas Viserys, sendo um homem de paz, fazia vista grossa e, na maioria das vezes, ignorava a situação porque amava as duas. Um dos motivos para toda essa discórdia, todavia, era o fato de que o rei nada fez para mudar a ordem da sucessão quando o príncipe Aegon nasceu, mantendo Rhaenyra como sua herdeira. Tal atitude deixava Alicent cheia de ressentimento. Isso, no entanto, não a impediu de sugerir que Rhaenyra e Aegon se casassem, o que Viserys vetou na mesma hora, sabendo que os meios-irmãos também nunca se deram bem. Ele acabou casando a filha, contra a vontade dela, com Laenor Vaelaryon, unindo outra vez a linhagem Targaryen, enquanto tentava, em vão, amenizar a rivalidade entre ela e a madrasta, que só aumentava à medida que Rhaenyra também produzia seus próprios filhos.

O rei Viserys I viveu ainda tempo suficiente para casar os filhos Aegon e Helaena e ver o nascimento dos filhos deles, os gêmeos Jaehaerys e Jaehaera, mas ele morreu gordo e fraco em 129 depois da Conquista, aos cinquenta e dois anos de idade, tendo deixado o governo praticamente todo nas mãos de Otto Hightower. Com seu falecimento, teve início uma das épocas mais escuras e sangrentas de toda a história dos Sete Reinos, quando Rhaenyra e Aegon partiram o Westeros em duas facções. Começava, então, A Dança dos Dragões.

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