Crítica | É muito divertido ser ‘Freaky: No Corpo de Um Assassino’

Do mesmo diretor de A Morte Te Dá Parabéns 1 e 2 (Happy Death Day e Happy Death Day 2U – 2017 e 2019) e estrelada por Kathryn Newton (a revoltada Abigail de Big Little Lies) e Vince Vaughn, Freaky – No Corpo de Um Assassino é uma divertidíssima comédia misturada com horror que sabe cumprir muito bem seu papel de entreter.

O longa conta a história de Millie (Newton), uma adolescente que troca de corpo com um violento serial killer (Vaughn) depois que ele tenta matá-la com uma antiga adaga asteca na escola em que ela estuda. Quando descobre que só tem poucas horas para desfazer essa estranha “magia”, ela vai contar com os melhores amigos Nyla (Celeste O’Connor) e Josh (Misha Osherovich) para lutar contra o psicopata.

Dessa forma, de maneira não muito original (já que a troca de corpo já foi tratada em várias outras películas), mas muito cômica e dinâmica, o cineasta Christopher Landon consegue inserir em seu filme várias questões sociais relevantes da contemporaneidade, como o bullying e a representatividade (Nyla é negra e Josh é gay).

Assim, Millie é uma daquelas garotas que não se encaixa muito bem no mundo difícil dos adolescentes americanos. Por exemplo, ela não usa roupas de marca e, ao invés de se tornar cheerleader, prefere se esconder atrás da fantasia do mascote do time de futebol de sua equipe. Tudo piora quando seu pai morre, deixando ela e a irmã mais velha, Charlene (Dana Drori), órfãs e sua mãe começa a ter problemas com alcoolismo. Para completar, ela ainda sofre um tratamento abusivo de um insuportável professor, Mr. Bernardi, interpretado por Alan Ruck, o Connor de Succession.

Porém tudo muda depois que Millie, “acidentalmente” troca de corpo com o assassino que tentou matá-la, um homem gigantesco (Vaughn tem 1,96m de altura) e completamente esculhambado, num contraste gritante com a garota loirinha de olhos azuis de 1,65m. Mas inacreditavelmente – e talvez essa seja a faceta mais hilária de toda a história -, o criminoso se dá muito melhor como mulher, porque transforma a até então sem graça Millie na garota mais gostosa da escola.

Com ótimas interpretações dos protagonistas e uma paleta de cores condizente com os dois gêneros cinematográficos a que recorre (intercalando o modo sombrio com o colorido) Freaky é um filme de estereótipos marcados que, longe de agredir, é leve e engraçado, mesmo que tenha cenas inacreditáveis de assassinatos brutais e trate de temas sérios. Eu diria que é como toda boa comédia deveria ser.