Crítica | ‘O Estranho Noivo de Maya’ e os Clichês da Comédia Romântica

O gênero de comédia romântica existe há quase tanto tempo quanto o próprio cinema. E mais de 100 anos depois parece não ter evoluído tanto. Claro, alguns filmes conseguem transcender o gênero, dando novos ares à um tipo de longa fadado a fórmula “se odeiam-se amam-brigam-se amam de novo”, como Harry e Sally – Feitos Um Para O Outro ou Feitiço do Tempo. Infelizmente, esse não é o caso de O Estranho Noivo de Maya (Love Jacked) filme de 2018 que a Netflix acaba de adicionar ao seu catálogo.

Por mais que seja uma produção que preze pela representatividade, com seu elenco quase que inteiramente negro, ela falha em se contentar em ser apenas mais uma entre milhares de outros exemplares do gênero.

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O filme conta a história de Maya, uma artista que tenta ao máximo ser independente e não depender de sua família, que a quer gerenciando a loja da família. Ao fazer uma viagem para a África do Sul, ela conhece Mtumbie e tão rápido quanto se apaixonam, decidem se casar. Entretanto, logo após dar as boas notícias à família, Maya descobre que estava sendo traída por Mtumbie.

Desfeito o casório, ela retorna para casa, mas decide manter a história de que ainda está noiva. Eis que surge Malcolm, um vigarista de bom coração que precisa se esconder de um ex-parceiro do crime que o quer morto. Ao se encontrarem por acaso, Maya propõe a Malcolm que se passe por Mtumbie para sua família. E acho que desse ponto em diante vocês já tem uma boa ideia do que vem pela frente e de como isso vai terminar…

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É uma pena que um filme com um elenco tão competente, mesmo que praticamente desconhecido do grande público (os nomes mais famosos do elenco são Mike Epps, que esteve recentemente em Meu Nome É Dolemite, e Keith David, da cultuada série Community), e os coloca em uma trama sem graça e livre de qualquer surpresa.

O casal principal, interpretado por Amber Stevens West e Shamier Anderson, possui carisma de sobra, mas se vê amarrado a personagens e situações sem qualquer criatividade ou originalidade. A Maya de West não possui traço de personalidade a não ser o estereótipo da menina que se recusa a viver sob a sombra da família. Já o Malcolm/Mtumbie de Anderson permite que o ator mostre algum carisma e arranque algumas risadas com a sua caracterização exagerada do tal noivo africano. Piada essa que é estragada pelo filme que se sente na obrigação de explicá-la, confirmando ser uma homenagem a Um Príncipe em Nova Iorque (1988) com Eddie Murphy,

Dirigido de forma burocrática e sem qualquer dinamismo, o longa tenta compensar com uma trilha cheia de bons sucessos das rádios, mas que nada acrescentam a trama. Uma das músicas chega a ser usada duas vezes em menos de 10 minutos. Além disso, a trilha do próprio filme parece ter sido retirada de uma biblioteca do Windows Movie Maker, tamanha sua obviedade em tentar dar o tom de suas cenas. Não que elas por si só já não deixassem isso claro.

Resumindo, é uma pena que no mundo em que vivemos, onde a representatividade se mostra tão essencial, um filme desses a tenha como seu único ponto positivo. Um longa inofensivo que parece ter sido feito sob medida para uma Sessão da Tarde antes da Malhação.

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9 respostas

  1. Achei as suas críticas super positivas enquanto pessoa q estuda os aspecto das cenas. Realmente fiquei encomodada com o desenrolar da trama…o roteiro prende as personagens em papéis tao estereotipados que não nos resta possibilidade de imaginar como será o final. Só descordo em um ponto sa sua fala que é o lance da representatividade…não é uma pena. É significante ao extremo, principalmente para quem se vê representado ali. Também quero que essa fase passe logo…mas enquanto ela pulsa em nós…significa que existe essa necessidade de nos seres humanos de se sentirem repesentados…mesmo que seja em estereótipo…mas existe esss ponto de evolução…Por mais filmes negros nos quais não apenas os atores e as atrizes negras sejam o foco…mas que as tramas e os roteiros e a trilha sejam empolgante.

    1. Não assistia muito filme,mas meu filho me ensinou assistir os filmes e séries da Netflix.
      Com está quarenta assisti uma série com um grande ator Keith David em Greenleaf.
      Fiquei viciada em filmes e séries. Este filme foi muito bom,chorei e dei risada. Parabéns todos do elenco. Amei.😘💙💖

      1. O filme é muito legal e divertido! Esse rapaz da crítica está sendo muito exigente, Podem assistir tranquilo. Além de mostrar paisagens bonitas de Capetown.

  2. Eu amei esse filme🥰 Mostra um cara órfão , que valorizou uma família q conheceu atravéz de Maya, e se mostrou apesar de seus erros ter carater e amor , um filme pra se assistir em família .
    Boa esquecendo q ela aprendeu a valorizar mais a família depois q o conheceu .
    Um filme engraçado e sensivel , sem forçar a barra com palavrões nudez e sexo.

    Assisti três vezes com minha família e todos riram muito😂😂🤷.

    1. Também adorei o filme! Achei o Shamie um charme! Lindo e sorridente, não tem como não se derreter por ele. Tanto que o papai durão também teve que se render! rsrsrs

    2. Achei o filme maravilhoso. Talvez vc gostasse mais se fosse feito por ima Julia Roberts com algum galã caro, igual aquele comer rezar e blá blá blá q foi um verdadeiro pé no saco.

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Nota do(a) autor(a)

/5
Título original:
Ano:
2018
País:
Canadá | África do Sul
Idioma:
Inglês
Duração:
100 min min
Gênero:
Comédia, Romance
Diretor(a):
Atores:
Keith David, Amber Stevens West, Mike Epps

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