Crítica | ‘Minari’ veio para nos emocionar e aquecer nossos corações

O novo filme da produtora a24, apresenta uma história minimalista, porém bem completa.

Minari, escrito e dirigido por Lee Isaac Chung, apresenta uma narrativa linear focada na vivência e nos conflitos das personagens sem, no entanto, tornar a história chata ou monótona. Muito pelo contrário, assim que assistimos ao longa, ele se mostra muito interessante e tem muito a dizer não só por sua sutileza, mas também por seu minimalismo estético, e isso ocorre principalmente pela cinematografia amarelada que, não à toa, remete à tranquilidade e ao sossego passado pelo lugar geográfico fílmico. Porém isso é contraditório, de certa forma, pois o drama principal da narrativa gira em torno das brigas do casal e do desentendimento familiar como um todo e, então, o filme se estabelece como uma unidade estilísticas própria por essas escolhas estéticas de cores e trilha musical. E isso ocorre pelo fato de que, apesar das brigas, a família ainda assim se ama e a chama acessa dentro de cada um ainda existe, mesmo com as divergências.

Além disso, mais um ponto positivo entre muitos outros é a direção coordenada por Lee Isaac, nas quais ele utiliza várias sequências de planos inteligentes que se encaixam com perfeição na proposta do filme, e isso sem contar a estratégia de ocultar algumas informações em cena para criar um tom mais dramático e envolver o espectador cada vez mais. Fora isso, o diretor também se mostra muito eficiente em mostrar um de seus plots, sendo que, na parte citada, ele usada uma sutil sobreposição de planos com o intuito de fazer uma passagem de tempo sem que o resultado parecesse artificial. A proposta funciona muito bem.

Dessa forma, como mencionado acima, Minari se constrói sempre apoiado no minimalismo, e a narrativa não é diferente. De inicio, o filme já surpreende pelo caminho escolhido para o personagem coadjuvante Paul, interpretado por Will Patton, que poderia ser colocado como xenofóbico e preconceituoso pelo roteirista, mas na verdade é apenas um religioso assíduo que só quer ajudar, sem fazer mal a ninguém – mesmo levando em consideração os prováveis problemas mentais. Isso me deixou surpreso, confesso, porque o filme poderia ter caído no clichê de mostrar um veterano de guerra (no caso, Paul lutou na guerra da Coreia) preconceituoso e babaca.

Por outro lado, existem vários simbolismos relacionados à cultura e à religião que, de certa forma estão totalmente ligados ao desfecho do filme.

Ademais, o resto do elenco também tem suas funções narrativas muito bem definidas. Monica, interpretada por Han Ye-ri, cumpre seu papel dentro da trama como uma mulher sempre presente e trabalhadora que serve de apoio para Jacob (Steven Yeun) e, por falar nele, o personagem tem um peso enorme na história como um homem sempre preocupado com o família, mas que, às vezes, por conta de sua teimosia e persistência, acaba se tornando antagonista em certos momentos.

Porém, mesmo com essas personagens muito bem construídas, a que mais se destaca é a Yoon Yeo-jeong que interpreta a avó das crianças e é mãe de Monica. É incrível vê-la sendo utilizada para construir uma determinada atmosfera, em certas horas como alívio cômico e em outras com cenas mais dramáticas.

O filme vem surpreendendo na temporada de premiações por suas indicações e fazendo um grande sucesso este ano. No Oscar, Minari está indicado em seis categorias, sendo que sua maior chances de conquista é na categoria de atriz coadjuvante e, talvez, trilha sonora, mesmo que a vitória em qualquer uma seja improvável. Enfim, seja de que forma for, o longa é ótimo e deve ser apreciado por vários anos, seja por sua qualidade estética, seja pela sua história, seja pelos dois.

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Nota do(a) autor(a)

/5
Minari Poster
Título original:
Ano:
2020
País:
EUA
Idioma:
Inglês, Coreano
Duração:
115 min min
Gênero:
Drama
Diretor(a):
Atores:
Steven Yeun, Yeri Han, Alan S. Kim

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